Defesa de médicos vai pedir a anulação do julgamento
A defesa dos três médicos condenados há 17 anos e 6 meses de prisão por retirar ilegalmente órgãos de pacientes vivos e provocar com isso a morte de quatro pessoas, na década de 80, deve entrar nesta segunda-feira com um pedido de anulação do júri popular.
Os médicos Pedro Henrique Torrecillas, Mariano Fiore Júnior e Rui Noronha Sacramento foram condenados quinta-feira, após quatro dias de julgamento, por quatro homicídios dolosos (quando existe a intenção). Os crimes teriam ocorrido entre setembro e dezembro de 1986, dentro do Hosic (Hospital Santa Isabel de Clínicas), atual Regional.
Divergências. Segundo o advogado João Romeu Goffi, responsável pela defesa de Rui e de Pedro, a decisão foi ‘absurda’ e é nula pois haveria divergência entre as provas que constam nos autos e a decisão dos jurados. “Não existe prova alguma de que estas pessoas estavam vivas”, disse.
Para Goffi, além da divergência, o processo estaria cheio de nulidades, entre elas o cerceamento de defesa com o impedimento do pedido de ouvir duas testemunhas que foram ouvidas previamente por carta precatória e no entendimento da defesa deveria ocorrer em plenário. Outro ponto seria o indeferimento do juiz Marco Antonio Montemor de uma acareação entre a enfermeira Rita Maria Pereira e o médico Fernando Teixeira.
“Outro ponto absurdo, que mostra que os jurados não entenderam nada do processo é o fato de o réu Mariano ter sido condenado pela morte da vítima José Carneiro, que foi atendido pelo Aurélio e não por ele”, afirmou Goffi.
Antônio Aurélio também era réu no mesmo processo, mas faleceu este ano.
As nulidades e divergências também são pontuadas pela defesa de Mariano, a cargo de Sérgio Badaró e Leonardo Máximo. “No máximo até a próxima terça-feira entraremos com o recurso”, disse Máximo.
Apesar da condenação, a Justiça permitiu que os três réus aguardem em liberdade os resultados dos recursos, que podem levar anos para serem julgados.
Alívio. Já para os parentes das vítimas que esperaram por 25 anos por uma resposta da Justiça, a hora é de comemoração.
“Foi uma noite de festa para toda a família que esperou anos por uma resposta. Independente de se eles um dia chegarão a pisar em uma prisão, o fato da condenação e do caso ser esclarecido e tirar aquele peso da dúvida, já é muito positivo”, disse a comerciante Vânia Cristina de Lima, 30 anos, irmã de Alex de Lima, morto aos 15 anos em Pindamonhangaba.
Na época, ele sofreu acidente, foi levado para o hospital e lá teria tido os rins retirados quando ainda estava vivo.
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