Época
Durante a campanha eleitoral de 2010, o petista José de Filippi Junior, responsável por arrecadar dinheiro para a então candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, procurou Luiz Antônio Pagot, então diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit), em busca de ajuda para conseguir doações. Pagot disse a ÉPOCA que Fillipi pediu a ele que buscasse recursos junto a entidades do setor da construção civil e forneceu o número de contas bancárias. Como diretor do Dnit, Pagot tinha sob sua responsabilidade cerca de R$ 10 bilhões para gastar em milhares de obras em rodovias, executadas por empresas dessa área. Pagot tinha acesso privilegiado a diretores dessas empresas.
Em nota enviada por sua assessoria a ÉPOCA, o deputado federal José de Fillipi Júnior (PT-SP) afirma que foi apresentado a Pagot no comitê da campanha presidencial, antes do primeiro turno da eleição. Filippi diz que, naquela ocasião, Pagot ofereceu à campanha três aviões do então governador de Mato Grosso (atualmente senador), Blairo Maggi (PR), seu padrinho político. Mas a oferta de Pagot, segundo Fillipi, não se concretizou. O deputado federal Fillipi afirma, ainda, que teve um segundo encontro com Pagot, após as eleições. Segundo ele, o objetivo da conversa foi “buscar recursos para saldar as dívidas da disputa eleitoral”. Na ocasião, a campanha devia cerca de R$ 28 milhões.
Filippi diz que, como resultado do “esforço de Pagot”, as empresas da família do senador Blairo Maggi ajudaram o combalido caixa petista com R$ 1 milhão. A Amaggi Exportação e Importação Ltda doou R$ 700 mil no dia 25 de novembro. No dia seguinte, a Agropecuária Maggi compareceu com R$ 300 mil. Fillipi nega ter recebido boletos de depósitos das empreiteiras, como afirma Pagot. Diz ele, em uma nota: “todo o processo de doação eleitoral é eletrônico e identificado pelas instituições bancárias. Assim, a coordenação financeira tinha acesso “online” aos depósitos feitos”.
O Dnit é um dos órgãos mais cobiçados pelos políticos. Trata-se do braço do Ministério dos Transportes responsável por construir e reformar rodovias e ferrovias em todo o país. Seu orçamento este ano é de cerca de R$ 15 bilhões. Pagot chegou ao Dnit por indicação de Blairo Maggi, em um acordo entre o PR e o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora, sabe-se que, em 2010, Pagot foi procurado pelo partido do governo para usar sua posição privilegiada no governo para conseguir dinheiro para a campanha da candidata do governo. Na versão de Filippi, Pagot teria oferecido ajuda financeira de seu padrinho político à campanha da candidata do governo.
Meses depois de ajudar na campanha, Pagot acabou demitido do Dnit. Ele foi acusado de participar de um esquema do PR, que consistia em propina a fornecedores do governo. Em entrevista a ÉPOCA em abril, Pagot afirmou que havia sido afastado da direção do Dnit “através de uma negociata de uma empreiteira com um contraventor”. Pagot se refere à construtora Delta e a conversas captadas pela Polícia Federal entre o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Castro, o Carlinhos Cachoeira, e o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Nos diálogos, Cachoeira afirma ter plantado notícias contra Pagot na imprensa. Ele e Abreu comemoram a decisão da presidente Dilma Rousseff de afastar Pagot, e outros suspeitos de corrupção, do Ministério dos Transportes. Pagot resistiu a deixar o cargo. Ele afirma que Filippi nunca ligou para agradecer seu trabalho na campanha. “Não é o estilo dele”, diz. “O estilo dele é ‘usa e joga fora’”.
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