Mandam-me aqui uma suposta “análise” de uma dessas penas de aluguel acusando a “hipocrisia” dos que criticam a união do PT com Paulo Maluf. Segundo o preclaro, se Maluf não estivesse com Fernando Haddad, estaria com Serra. Logo, o que parece ser crítica seria, no fundo, inveja e despeito.
Vejam a que ponto chegou o petismo: já acusa o adversário de sentir inveja de sua aliança com Maluf. Uau!
Vamos botar alguns pontos nos tais “is”.
1 - Eu jamais criticaria a união de Lula com Maluf segundo o aspecto moral. Reitero que considero Lula a profissionalização do malufismo;
2 - no que concerne à moralidade propriamente dita, eu até me arriscaria a dizer que é Maluf quem sai perdendo;
3 - Maluf, se vocês notarem, é apenas o último dos ex-adversários do petismo com os quais Lula se juntou: começou com Sarney, passou por Collor e agora chegou ao antigo Belzebu das esquerdas;
4 - não custa lembrar, só a título de precisão, que Maluf apoiou Marta contra Serra no segundo turno, em 2004, na disputa pela Prefeitura; foi um apoio meio envergonhado. Agora é explícito.
Agora ao ponto: se Maluf não estivesse apoiando Fernando Haddad, estaria apoiando Serra, como diz aquele? Sim, estaria. Então daria tudo na mesma? A resposta: “Não!”. A razão é simples e tem a ver com o modo de governar.
Lula entrega aos aliados os ministérios de porteira fechada. Tem uma concepção feudal de governo. Cada duque cuide de sua área e faça a lambança que bem entender desde que jure fidelidade ao chefe — e o chefe é ele. Com Serra, a coisa é diferente. Governa com aliados, como todo mundo. Mas é ele quem nomeia e quem demite.
O Apedeuta garantiu a Maluf que, caso Haddad vença, terá um pedaço da Prefeitura só pra ele. Tentou arrancar isso de Serra. Ouviu um sonoro “não”.
Por Reinaldo Azevedo
Nenhum comentário:
Postar um comentário