Wilson Salles Damázio e Sérgio Moro: agora, sim, uma indicação à altura do governo |
Agora, sim, Sérgio Moro, ministro da Justiça, este exemplo que temos a honrar a língua e o direito, empossou a pessoa certa no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. E, desta feita, os fascistoides escancarados e enrustidos não vão protestar. Ah, não! Agora temos o homem certo, no lugar certo, nomeado pela pessoa certa.
Lembram-se daquela vaga para a qual Moro havia convidado a socióloga Ilona Szabó de Carvalho e que deu um sururu dos diabos? Pois é. Bolsonaro obrigou Moro a desconvidá-la. E ele o fez com o pudor habitual que monstra na vida pública, o que leva a ser convidado para seminários em que fala como guia moral, o que é bovinamente repetido em certos meios e por certas penas.
Desta feita, Jair Bolsonaro não vai obrigar Moro a recuar.
Desta feita, Moro, ele mesmo, não tomará essa iniciativa.
Desta feita, tudo se encaixa perfeitamente.
Entrou na vaga aberta com o desconvite a Ilona o delegado federal aposentado e ex-diretor do Sistema Penitenciário Federal Wilson Salles Damázio. Uma de suas tarefas será inspecionar presídios do Nordeste e do Norte.
Ele tem ideias — expressas numa entrevista ao Jornal do Commercio, de Pernambuco, em 2013, quando era secretário de Defesa Social do Estado — que o tornam absolutamente apto a servir a esse governo. Afinal, o presidente da República, então deputado federal, já disse coisa muito pior, não é mesmo?
Segundo Damásio, "desvio de conduta a gente tem em todo lugar. Tem na casa da gente, tem um irmão que é homossexual, tem outro que é ladrão, entendeu?"
É claro que deu para entender. Aí ele resolveu tornar seu pensamento mais preciso: "Homossexualidade não quer dizer bandidagem. Mas foge ao padrão de comportamento da família brasileira tradicional. Então, em todo lugar tem alguma coisa errada, e a polícia, né? A linha em que a polícia anda, ela é muito tênue, não é?"
Entendeu?
Ao responder a uma pergunta sobre abusos sexuais que policiais estariam cometendo, ele resolveu refletir: "O policial exerce um fascínio no dito sexo frágil. Eu não sei por que é que mulher gosta tanto de farda".
Mais um pouco?
"Todo policial militar mais antigo tem duas famílias, tem uma amante, duas".
E depois refletiu sobre a atração que os policiais exerceriam sobre as mulheres: "É um negócio. Eu sou policial federal, feio pra c. A gente ia pra Floresta (Sertão), para esses lugares. Quando chegávamos lá, colocávamos o colete, as meninas ficavam tudo sassaricadas. Às vezes tinham namorado, às vezes eram mulheres casadas. Pra ela é o máximo estar dando pra um policial. Dentro da viatura, então, o fetiche vai lá em cima, é coisa de doido."
Compatível com um governo cujo chefe já afirmou que não estupraria uma mulher porque ela não merecia por ser muito feia.
Dona "Rosanja", a "conje" do "conje" pode se orgulhar mais do que nunca: "Eu MORO com ele".
Iniciei a contagem regressiva para Eduardo Bolsonaro apoiar a nomeação.
Houvesse algum apuro moro naqueles que pediram a cabeça de Ilona, fariam agora mesmo. Mas sei… Vai ver dar combate aos pensamento de Damázio seja coisa de "esquerdistas" e "politicamente corretos".
Vai ver…
Posso imaginar como deve ser chato para essa gente olhar a mulher, a mãe, a namorada, a irmã e pensar: "Ela está é querendo dar, de forma sorrateira, para um policial…"
O governo nem chegou a cem dias, e Moro já é irredimível.
Por Reinaldo Azevedo
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