Os generais apostavam que vigoraria no governo a hierarquia da caserna e que o capitão bateria continência para os seus superiores. Desse modo, Bolsonaro exerceria o poder sob tutela. Como se pode notar, não tardou para que percebessem que assim não é. O presidente da República dispõe de um poder imenso. Mas isso ainda é o de menos. Bolsonaro é parte de uma equação que busca nas Forças Armadas nada além da credibilidade que lhe falta. Quer também a sua disciplina apartidária para não ser obrigado a negociar no Congresso. A força que levou o dito "Mito" ao poder, com efeito, vem do contato direto com os eleitores por meio das redes sociais. No seu projeto, militar executa e não apita. Os generais agora veem que o seu suposto boneco de mamulengo tem vínculos ideológicos que os excluem da equação do poder, a não ser como coadjuvantes servis. E Bolsonaro não se conforma que seu vice tenha conseguido uma voz própria, que não se submete a seus caprichos e desígnios. E, para sua surpresa e, convenham, a de quase todos os analistas, Mourão passou a falar como um político eleito, que percebe o peso das instituições, não como um general em guerra contra os inimigos — até porque, se estes existissem, seriam uma parte considerável dos brasileiros.
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