Estamos realmente vivendo tempos bárbaros. É um espanto quando se anuncia que o Supremo Tribunal Federal vai mandar ao Ministério Público as conclusões do inquérito aberto para apurar a indústria de crimes contra o tribunal. Cabe a pergunta: mandaria para quem? Havia, por acaso, a suspeita de que não o fizesse? E que se note: irá o MP o que estiver apto para se avaliar eventual abertura de uma ação penal. Talvez outras diligências sejam necessárias antes disso, a cargo da Polícia Federal, por exemplo. De resto, ninguém sabe o que virá a público, não é mesmo?
O tribunal continua a apanhar com gosto.
Digam-me cá: quando foi que o Ministério Público ou a Polícia Federal se dispuseram a investigar a óbvia e criminosa indústria de vazamentos de dados sigilosos de investigação? Agem muito mal alguns setores da imprensa quando fazem de conta que isso não existe porque, afinal, procuradores e policiais são sempre fontes copiosas de… vazamento. Parece-me que é chegada a hora de perceber que esses servidores públicos que atuam nas sombras contribuem para ditar o ritmo das investigações, não é mesmo?, construindo, adicionalmente, uma narrativa também política. Ainda voltarei a esse assunto com mais vagar.
O que esperavam, afinal de contas, que Alexandre de Moraes fizesse ao término do inquérito?
Quero saber, isto sim, é o que fará o MP a depender do que lhe chegar às mãos, seja a Procuradoria Geral da República, sejam eventualmente os MPs estaduais.
E, até agora, não entendi a razão de ser daquele habeas corpus coletivo e preventivo da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). Não venham me dizer que os bravos rapazes e moças — alguns promoviam verdadeiras campanha de achincalhe do Supremo nas redes sociais, escondendo-se no manto da liberdade de expressão — tiveram agora um surto de garantismo…
Ou será que se está diante de uma máxima: "Os nossos alvos são culpados até quando inocentes; nós somos inocentes até quando culpados"?
E, por óbvio, é espantoso que, em meio a isso tudo, se ignore que houve um vazamento criminoso.
Estamos criando uma casta de pessoas que dizem quais crimes são aceitáveis e quais não são.
Por Reinaldo Azevedo
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