O governo Bolsonaro, reitero, é fascinado pela imaginação destruidora. Dito de outro modo: não existe propriamente um governo. O presidente vai se deixando influenciar por uma patota de reacionários que o cerca, para os quais qualquer forma de organização do Estado e de disciplinamento da vida em sociedade cheira a coletivismo e, quem sabe?, a socialismo… Coisas lá do guru esquisitão. A menos, claro!, que a interferência da mão grande do Estado atenda à clientela eleitoral do presidente, a exemplo do que se viu na estúpida intervenção na Petrobras.
De todas as estultices de Bolsonaro, a sua determinação de eliminar os radares das rodovias federais beira a ação criminosa. Ao lado de ser um dos campeões mundiais em homicídios dolosos, o Brasil também está entre os países que mais matam em acidentes com automóveis: 37 mil por ano.
Agora leiam o que informa a Folha:
Levantamento da Folha mostra que a redução média de mortes foi de 21,7% nos quilômetros de rodovias federais em que o dispositivo eletrônico foi colocado. Os dados apontam ainda para uma redução de 15% nos índices de acidentes após a instalação dos radares.
Segundo Bolsonaro, os aparelhos serão retirados das estradas conforme seus contratos de operação terminem. Novos contratos não serão firmados, diz. Procurado pela Folha, o Ministério da Infraestrutura não fala em fim dos radares, mas em reavaliação.
O governo federal deveria estar assinando os novos contratos dos radares que substituem as antigas contratações. Após a declaração do presidente, alguns trechos de estradas ficaram sem controle de velocidade, segundo as empresas do ramo.
Na quarta-feira (10), uma liminar da Justiça Federal determinou que nenhum radar fosse retirado de rodovias federais e que o governo prorrogasse por 60 dias os contratos perto de expirar. A decisão diz que não há dados técnicos que justifiquem o fim do serviço.
(…)
Pedro de Paula, coordenador da Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito, diz que elementos locais como má sinalização ou maior fluxo de veículos podem aumentar o risco da via. "É esperado que uma política pública tenha ineficiências. É preciso olhar para os pontos ineficientes e melhorá-los e não abandonar o sistema inteiro, que é positivo", avalia.
É estupidamente irresponsável que um presidente dê uma determinação como essa sem contar com um miserável estudo que o oriente ou que explique a decisão. Como se vê, a realidade aponta para o contrário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário