Por Josias de Souza
Sergio Moro tirou Eduardo Cunha para dançar. Acatou a primeira denúncia que lhe chegou às mãos contra o deputado cassado. E deu prazo de dez dias para a apresentação da defesa. O ex-mandachuva da Câmara não está acostumado com tamanha desenvoltura. Movendo-se na cadência legislativa do bolero —dois pra lá, dois pra cá— Cunha retardou por mais de nove meses a cassação do seu mandato. Conhecerá agora o ritmo preferido do juiz da Lava Jato: rock and roll.
Nesta mesma quinta-feira, Moro ofereceu a Cunha um exemplo do que está por vir. Fez isso ao condenar o ex-senador Gim Argello a 19 anos de cadeia, em regime inicialmente fechado. Preso em abril, Argelo foi denunciado pelos procuradores da Lava Jato em maio. Menos de cinco meses depois, já frequenta o rol dos condenados. Recorrerá ao Tribunal Regional Federal da 4a. Região, em Porto Alegre. Ali, as sentenças de Moro costumam ser confirmadas.
Para desassossego de personagens como Gim Argello e Eduardo Cunha, ao manter a porta do xilindró aberta para os réus condenados na segunda instância do Judiciário, o Supremo Tribunal Federal prestigiou a coreografia de Sergio Moro. Quem dançar pode até recorrer aos tribunais de Brasília. Mas terá de aguardar o resultado do julgamento atrás das grades. É tempo de rock.
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