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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por indícios de que ele atuou para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato. No pedido enviado ao STF, o chefe do Ministério Público também ofereceu denúncia contra o pecuarista José Carlos Bumlai e contra o filho dele, Maurício Bumlai. Os três novos nomes integram um aditamento da denúncia que já havia sido protocolada contra o ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), e o banqueiro André Esteves, ex-CEO do BTG Pactual.
No documento enviado para análise da mais alta corte do país, Janot destaca que investigações desenvolvidas a partir da revelação de que Delcídio do Amaral tentou comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró chegaram a "novos contornos e se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Maurício Bumlai atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e a André Esteves". Na avaliação do procurador-geral, outros elementos, como depoimentos do acordo de delação premiada de Cerveró, "deixam evidente que a intenção dos articuladores do silêncio de Nestor era esconder fatos ilícitos envolvendo Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai, André Esteves, Delcídio do Amaral, além de outras pessoas que possivelmente também integram a organização criminosa".
Gravações feitas pelo filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, mostram Delcídio negociando o pagamento de 50.000 reais mensais à família do ex-dirigente e até a fuga do ex-diretor para fora do país. Paralelamente, investigadores atribuíram ao banqueiro André Esteves o papel de bancar a mesada à família de Cerveró e pagar outros 4 milhões de reais ao advogado Edson Ribeiro, que atuava na defesa do ex-diretor e trabalhava para impedir a delação premiada. Os depoimentos do senador em colaboração com a Justiça, porém, apresentaram uma nova versão para os pagamentos. Foi a partir dessas revelações que os indícios contra o ex-presidente Lula ficaram mais robustos.
Segundo o senador, partiu do petista a ordem para comprar o silêncio de Cerveró. De acordo com Delcídio, Lula tinha pleno conhecimento do propinoduto instalado na Petrobras e agiu pessoalmente para barrar as investigações, ordenando que o ex-diretor da Petrobras fosse silenciado com propina. Também em delação, o senador atribuiu à presidente Dilma Rousseff pleno conhecimento dos problemas da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, transação permeada pelo pagamento de propinas, além de ter tentado aparelhar o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para garantir a liberdade de grandes empreiteiros presos por ordem do juiz Sergio Moro.
Com a apresentação da denúncia, o ministro Teori Zavascki, relator dos processos do petrolão no Supremo, deverá analisar a argumentação apresentada pelo Ministério Público e elaborar um voto para ser discutido pela Segunda Turma do tribunal. Se a denúncia for aceita, Lula se torna réu na Operação Lava Jato.
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