Chicanas podem não ter sido em vão. Ou: “Negro filho da mãe! Negro traidor! Negro que não carrega bandeira! Negro vira-casaca! Negro ingrato! Negro negro!” – Por Reinaldo Azevedo
Todos os esforços feitos para arrastar o máximo possível o julgamento do mensalão podem vir a ser recompensados. A absurda demora de Ricardo Lewandowski para concluir a revisão do processo tem agora seus efeitos práticos. “Ah, foi sem querer…” Ainda que tivesse sido, e daí?
Os votos quilométricos de relator e revisor — basta ver o que se faz no resto do mundo para perceber o despropósito — cobram seu preço. Não sei como teria votado Cezar Peluso no caso de Dirceu, por exemplo. O certo é que se fez de tudo para que ele já estivesse fora do tribunal. Talvez até estupidamente. Lembro que ele votou pela absolvição de João Paulo Cunha da acusação de lavagem de dinheiro.
Por ação e omissão, está em curso, reitero, um trabalho de desmoralização do Supremo Tribunal Federal. Lá nos primórdios, o petismo tentou montar um tribunal para atender a seus desígnios e à sua metafísica. Acabou não dando muito certo. Os escolhidos, com exceções, resolveram cuidar mais da sua própria biografia — e das leis — do que da biografia dos companheiros. Daí a revolta, especialmente com Joaquim Barbosa.
João Paulo Cunha disse alto e às claras o que a petezada diz pelos corredores. Afirmou: “[Barbosa] Chegou [ao Supremo] porque era compromisso nosso, do PT e do Lula, de reparar um pedaço da injustiça histórica com os negros”. Vale dizer: os petistas queriam um negro servil, subserviente, grato. Escrevi, então, um post post intitulado “O PT rasga a fantasia: ‘Negro filho da mãe! Negro traidor! Negro que não carrega bandeira! Negro vira-casaca! Negro ingrato! Negro negro!’”
Agora os petistas apostam que ministros não-vinculados ideologicamente ao partido possam cumprir a tarefa de livrar os mensaleiros da cadeia: Teori Zavascki e Não-Se-Sabe-Ainda-Quem. Vamos ver se eles decidem arcar com a reputação que alguns ministros, como direi?, petizados já recusaram.
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