segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O homem errado no lugar errado. Mas “eles” gostam…


O deputado Henrique Eduardo Alves (RN) é, ao lado dos senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), um dos chefões do PMDB. Tanto é assim que é o franco favorito a substituir Marco Maia (PT-RS) na presidência da Câmara. Na campanha para o cargo, ele promete se esforçar para limpar a reputação da Casa. Que bom! O problema é o que Alves vai fazer com a própria reputação.

Reportagem publicada na VEJA desta semana mostra que, nas prestações de conta que apresenta, Alves aponta um gasto mensal de R$ 8.300 com aluguel de carros. Certo! Além do salário, a exemplo de todos os seus pares, ele dispõe de R$ 32 mil para custear as suas atividades. Qual é a o busílis?

A empresa que aluga os carros para Alves, a Global, não existe e está registrada em nome de uma laranja, a ex-vendedora de tapetes Viviane dos Santos, que admite ter emprestado o nome para uma tia, Kelen Gomes, que é quem se encarrega da emissão das notas fiscais. O esquema é gerenciado por César Cunha, um ex-assessor do PMDB, ele próprio sócio da Executiva, empresa que alugava os tais “carros” antes da Global. Desde 2009, o gabinete de Alves já repassou R$ 357 mil para as duas empresas.

Mais uma

Não é só isso. Na Folha de hoje, informa Leandro Colon:

A empresa de um assessor do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), recebeu pelo menos R$ 1,2 milhão de um órgão do governo federal controlado politicamente pelo deputado. Os recursos saíram dos cofres do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), ligado ao Ministério da Integração Nacional e sob a influência de Henrique Alves desde a gestão Lula. O deputado indicou o diretor-geral atual, Emerson Fernandes Daniel Júnior, e o anterior, Elias Fernandes, ambos do Rio Grande do Norte.
(…)
A Folha revelou ontem que emendas parlamentares do deputado aos ministérios do Turismo e das Cidades também foram parar na mesma empresa por meio de convênios das pastas com prefeituras do Rio Grande do Norte. Henrique Alves indicou o destino do dinheiro, o governo federal liberou o recurso, que voltou para o assessor lotado no gabinete da Câmara.

A empresa que obteve esses recursos –tanto os liberados pelo Dnocs como os com origem nas emendas parlamentares– é a Bonacci Engenharia e Comércio Ltda. Ela tem como um dos sócios Aluizio Dutra de Almeida, assessor do gabinete do líder do PMDB na Câmara e tesoureiro do diretório regional do partido, presidido pelo próprio Henrique Alves.
(…)

Pois é… Tudo o mais constante, Alves vai presidir a Câmara. O que costuma acontecer em casos como esses (não estou acusando ninguém; falo em tese)? A experiência demonstra que verbas de gabinete empregadas por assessores são, quase sempre, uma maneira de o parlamentar se apossar dos recursos. Todos sabemos que não é raro que funcionários de deputados e senadores devolvam a seus respectivos padrinhos uma parte do salário que recebem.

Tudo indica que vem por aí a gestão Alves na Presidência da Câmara. Preparado, como se nota, ele está…

Por Reinaldo Azevedo

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