Augusto Nunes
O bode Galeguinho perdeu o emprego por excesso de dedicação ao trabalho. Incumbido de vigiar a casa deserta em Natal que fingia abrigar a direção da Bonacci Engenharia e Comércio, só Galeguinho estava por lá quando apareceu o repórter Leandro Colon, da Folha de S. Paulo.
No dia seguinte, o Brasil sabia que o simpático bode era o único funcionário visível a olho nu da empresa pertencente a Aluizio Dutra, assessor do deputado Henrique Alves, premiada com R$1,2 milhão em verbas orçamentárias.
Exemplarmente discreto, Galeguinho não concedeu entrevistas, nem fez qualquer revelação que engordasse os prontuários dos superiores hierárquicos. A foto reproduzida abaixo foi suficiente para piorar-lhe a vida.
Sumariamente demitido, também perdeu o direito de pastar no quintal da casa.
Os protagonistas da patifaria continuam sem motivos para perder o sono. Henrique Alves continua candidato ao comando do Feirão da Bandidagem. Aluizio Dutra deixou o cargo no Congresso e gasta em sossego o dinheirão que embolsou. Ao tirar o bode da casa, a dupla deu o caso por encerrado.
Não está. Dos personagens dessa história muito mal contada, só Galeguinho é inocente. Nem precisa contar tudo o que viu para que os culpados sejam devidamente enquadrados. Basta que a polícia e o Ministério Público cumpram seu dever.
Um comentário:
É amaldiçoadamente triste ver que esse elemento, este individuo, como diz o jargão policial,chamado Henrique Alves, insista em ser candidato. É amaldiçoadamente triste saber que tem seríssima possibilidade de ser o eleito e se tornar o presidente da Câmara, e por consequencia também o do Brasil, uma vez que é um dos substitutos legais. É amaldiçoadamente triste imaginar que seja o mesmo eleito, nós bananeiros, digo, brasileiros, vamos ficar cordeiramente quietos. Falta-nos vergonha na cara. Perdemos a capacidade de nos indignarmos.
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