Ruth de Aquino
Em vez de reviver a CPMF, sugiro criar a Contribuição dos Corruptos Municipais,
Estaduais e Federais
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"Quem falar que resolve a saúde sem dinheiro é demagogo. Mente para o
povo.”
Dilma está certa. É urgente. Em lugares remotos do Brasil, hospitais públicos
são mais centros de morte que de cura. Não é possível “fazer mágica” para
melhorar a saúde, afirmou Dilma. Verdade. De onde virá a injeção de recursos?
A
presidente insinuou que vai cobrar de nós, pelo revivido “imposto do cheque”. Em
vez de tirar a CPMF da tumba, sugiro criar a CCMEF: Contribuição dos Corruptos
Municipais, Estaduais e Federais.
A conta é básica. A Saúde perdeu R$ 40 bilhões por ano com o fim da CPMF, em
2007. As estimativas de desvio de verba pública no Brasil rondam os R$ 40
bilhões (R$ 70 bilhões segundo o senador Pedro Taques) por ano. Empatou, presidente. É só ter peito para enfrentar as castas. Um país recordista em tributação não pode extrair, de cada cheque nosso, um
pingo de sangue para fortalecer a Saúde. Não enquanto o governo não cortar
supérfluos nem moralizar as contas.
Uma cobrança de 0,38% por cheque é, segundo as autoridades, irrisória diante
do descalabro da Saúde. A “contribuição provisória” foi adotada por Fernando
Henrique Cardoso em 1996 e se tornou permanente. O Lula da oposição dizia que a
CPMF era “um roubo”, uma usurpação dos direitos do trabalhador. Depois, o Lula
presidente chamou a CPMF de “salvação da pátria”. Tentou prorrogar a taxação,
mas foi derrotado no Congresso.
A CPMF é um imposto indireto e pernicioso. Pagamos quando vamos ao mercado e
mesmo quando pagamos impostos. É uma invasão do Estado nas trocas entre
cidadãos. Poderíamos dizer que a aversão à CPMF é uma questão de princípio.
Mas é princípio, meio e fim. Não é, presidente?
“Não sou a favor daquela CPMF, por conta de que ela foi desviada. Por que o
povo brasileiro tem essa bronca da CPMF? Porque o dinheiro não foi para a
Saúde”, afirmou Dilma. E como crer que, agora, não haverá mais desvios?
Como acreditar? O Ministério do Turismo deu, no fim do ano passado, R$ 13,8
milhões para uma ONG treinar 11.520 pessoas. A ONG foi criada por um
sindicalista sem experiência nenhuma com turismo. Como acreditar? A Câmara dos
Deputados absolveu na semana passada Jaqueline Roriz, apesar do vídeo provando
que ela embolsou R$ 50 mil no mensalão do DEM.
Como acreditar? Os ministros do STF exigem 14,7% de aumento para passar a
ganhar mais de R$ 30 mil. Você terá reajuste parecido neste ano? O orçamento do
STF também inclui obras e projetos, como a construção de um prédio monumental
para abrigar a TV Justiça. É prioridade?
O Congresso gasta, segundo a organização Transparência Brasil, R$ 11.545 por
minuto. O site Congresso em Foco diz que cada um de nossos 513 deputados
federais custa R$ 99 mil por mês. Cada um dos 81 senadores custa R$ 120 mil por
mês. São os extras. E o Tiririca ainda não descobriu o que um deputado federal
faz.
“É sério. Vamos ter de discutir de onde o dinheiro vai sair (para a
Saúde).”
Tem razão, presidente. Mas, por favor, poupe-nos de seu aspirador
seletivo.
A senhora precisa mesmo de 39 ministérios consumindo bilhões? Aspire os
bolsos gordos da turma do Novais, do Roriz, do Sarney. Apele à consciência
cívica dos políticos e juízes que jamais precisaram do Sistema Único de
Saúde.
Vamos criar o mensalão da Saúde. Um mensalão do bem, presidente. Corruptos
que contribuírem serão anistiados. ONGs fantasmas, criadas com a ajuda de
ministros & Cia., terão um guichê especial para suas doações. O pessoal que
já faturou por fora com a Copa está convocado a dar uns trocados para a
Saúde.
Enfiar goela abaixo dos brasileiros mais um imposto, nem com anestesia. Um
dia nossos presidentes entenderão o que é crise de governabilidade. Não é a
revolta dos engravatados em Brasília nem a indignação dos corredores e
gabinetes. A verdadeira crise de poder acontece quando o povo se cansa de ser
iludido.
Os árabes descobriram isso tarde demais. Deitavam-se em sofás de sereias de
ouro, cúmulo da cafonice. Eles controlavam a mídia, da mesma forma que os
companheiros do PT estão tentando fazer por aqui. Não deu certo lá. Abre o olho,
presidente.

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