Concebido para embaçar a visão de quem tenta enxergar a gastança federal, o Portal da Transparência do Palácio do Planalto calcula em R$ 23,4 bilhões os gastos com a Copa do Mundo de 2014. Já é uma conta de bom tamanho, mas o rombo será muito maior. Segundo a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, as boladas consumidas com aeroportos, estádios, segurança, transportes e portos não ficarão abaixo de R$ 84,9 bilhões. Somadas todas as despesas, o custo é estimado pela entidade em R$ 112 bilhões.
Logo estará batendo em R$ 120 bilhões, adverte a coluna. Os prontuários dos envolvidos na organização da Copa, favorecidos pela Regime Diferenciado de Contratações (o RDC, sigla que camufla o assalto a cofres públicos sem perigo de cadeia), autoriza a previsão: se as raposas não forem expulsas do galinheiro que controlam, a conta passará de R$ 130 bilhões ainda neste ano. Nem Deus, que é brasileiro, pode prever o recorde que será estabelecido pela ação conjunta das construtoras amigas, do Ministério do Esporte e da Confederação Brasileira de Futebol. Sem contar o que a Fifa pretende engolir.
“Esporte é desenvolvimento”, recita Dilma Rousseff com a voz de quem não estudou para a prova de conhecimentos gerais e o sorriso de aeromoça de Tupolev. “O povo brasileiro merece um evento desse porte”, rosna Ricardo Teixeira, presidente da CBF (e, até 2014, também do País do Futebol), com cara de quem calcula porcentagens até quando dorme. Os menos gananciosos cobram 10%. Dez por cento de 130 são 13. Treze bilhões de reais. É isso, na mais branda das hipóteses, o que se preparam para tungar os larápios que vão transformando a Copa da Roubalheira na mais cafajeste e mais lucrativa parceria público-privada de todos os tempos.
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