quarta-feira, 28 de julho de 2010

Lula sugere que não usará influência sobre Irã para tentar impedir apedrejamento de mulher

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu mais uma demonstração, nesta quarta-feira, de que não pretende utilizar sua influência internacional em defesa dos direitos humanos. Depois de participar de um almoço em homenagem ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, no Itamaraty, Lula foi questionado por repórteres se ele pretende telefonar para o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, para pedir clemência para Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento sob acusação de adultério.

No Twitter, há uma campanha "Liga, Lula", pedindo para que o mandatário brasileiro interceda por Sakineh. Mas o presidente não demonstrou entusiasmo pela causa. Para ele, se todo mundo pedir para um país mudar suas leis e regras, vira uma "avacalhação".

- Um presidente da República não pode ficar na internet atendendo todo o pedido que alguém pede de outro país - declarou. - Agora, é preciso tomar muito cuidado porque as pessoas têm leis, as pessoas têm regras, as pessoas, sabe, se começarem a desobedecer as leis delas para atender o pedido de presidentes, daqui a pouco vira uma avacalhação. Eu sinceramente não acho que nenhuma mulher deveria ser apedrejada por conta de ...sabe, traição.

O presidente ainda lembrou o caso da francesa Clotilde Reiss, que foi presa em 2009 acusada de transmitir fotos de manifestações contra Ahmadinejad. Ela foi libertada em maio, depois de Lula ter intercedido por ela. Uma multa também lhe foi aplicada, no valor de US$ 285 mil.

- Veja, eu tenho pedido: pedi pela francesa, porque foi um pedido do presidente da França (Nicolás Sarkozy), pedi no mesmo dia para o presidente Ahmadinejad sobre os americanos que estão lá, pedi para o presidente da Indonésia por um brasileiro que está lá, pedimos para o presidente da Síria por quatro brasileiros que estavam lá - afirmou.

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