sábado, 24 de julho de 2010

Debates na TV

Deu na Folha de S. Paulo


Criou-se uma certa mitologia sobre os debates na TV entre candidatos a presidente.

Os fatos e os estudos realizados não comprovam a importância eleitoral deles.

O primeiro debate na TV, que passou a ser uma referencia como ponto de partida, foi o debate entre Kennedy e Nixon em 1960. Nele, a equipe de Kennedy inaugurou os cuidados visuais com o debate, desde o melhor contraste entre o cenário e a roupa do candidato, a cor do terno e da gravata, até o sorriso leve de quem está seguro no que diz.

No final até as pesquisas escorregaram e Kennedy venceu por uma diferença mínima de 120 mil votos. Explicou-se pela "maioria silenciosa", o que seria o mesmo que dizer que não houve influência do debate no resultado final.

Várias análises mostram que, a menos que ocorra um total desastre num debate, no máximo três dias depois o efeito do debate já está dissolvido.

Por isso, nos EUA, o último debate nunca ocorre em intervalo menor que 10 dias das eleições. Esta também é a praxe na Europa. Na América Latina -e o Brasil não é exceção- esse prazo de mais de 3 dias não é observado.

O debate é apresentado como um grande espetáculo pelas emissoras de TV. Os candidatos são estressados com técnicas e táticas, caras e bocas, planejamento de perguntas e respostas, imersão para testar como reagem sob pressão.

Equipes vão aos estúdios conhecer o cenário, de forma a definir o figurino dos candidatos. Discute-se com as emissoras de TV o posicionamento das câmeras, que não podem flutuar pela reação de um candidato enquanto o outro fala.

A audiência cresce, o que em si já é uma excelente consequência para a emissora de TV que o promove.

Quando termina o debate, são feitas pesquisas sobre vitorioso e derrotado.

A menos que a eleição esteja muito apertada, o resultado é sempre o mesmo: venceu o debate o que vinha como favorito nas pesquisas eleitorais.

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