Uma parte do entorno de Jair Bolsonaro, presidente eleito, não gosta do general Hamíton Mourão, o vice. O motivo principal é que ele, definitivamente, não se contenta com o papel de alguém que só serviu para uma formalidade. Convenham: essa foi a escolha do então candidato, certo? Cercar-se de militares da reserva constituiu uma de suas estratégias de campanha para evidenciar que o Brasil vai entrar nos eixos. Nas suas palavras, ditas da CNI, ele iria indicar generais, em contraste com seus antecessores, que só teriam indicado corruptos…
A entrevista de Mourão à Folha criticando, e com acerto, a estratégia de comunicação dessa fase de transição gerou incômodos. Para piorar, Mourão falou ainda outra coisa correta: não faz sentido hostilizar a imprensa. E, no entanto, ela é hostilizada. Às vezes, pela incompetência.
Na coletiva em que Bolsonaro abordou a indicação de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça superbombado, as respectivas reportagens da Folha, do Estadão, do Globo, do Valor, da CBN e da EBC, entre outras, não tiveram autorização para entrar. Alegação: falta de espaço. E notem que nem se pode dizer que havia hostilidade direcionada contra os grupos de comunicação. O UOL, do grupo Folhas, estava com três repórteres; a Globo foi autorizada a entrar, mas não a CBN… Sim, os veículos impressos, por alguma estranha razão, incomodam mais.
Ocorre que inexiste um assessor de imprensa que cuide do assunto. É tudo feito no improviso. Ou, nas palavras de Mourão, “chamar essa comunicação de ruim é até elogio”. Vive-se ainda um clima de campanha feita nas redes sociais. Seria preciso ter a consciência de que as coisas mudaram de patamar.
Quando começa o diz-que-me-diz-que, lá vai Bolsonaro para o Twitter para, de algum modo, sugerir que desencontro de informação se deve ao mau trabalho da imprensa… Não! O que está absurdamente errado é a estratégia de comunicação. E, por óbvio, o fato de que o programa de governo está sendo elaborado agora.
Vejam o caso da casa-descasa dos ministérios da Agricultura e Meio Ambiente.O que se tinha era apenas um viés ideológico, quiçá com alguma coisinha de vingança: “Ah, agora vocês vão ver, senhores fiscais do Ibama!” Ocorre que a realidade é bem mais complexa do que isso, que não passa de uma rixa.
Por Reinaldo Azevedo
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