terça-feira, 6 de novembro de 2018

Juiz chuta o traseiro de Shakespeare e diz que não exercerá cargo político na Justiça. As múltiplas funções de sua fala… política!



Atenção!

Existe mais um não-político na praça ocupando um cargo político. É o ainda juiz Sérgio Moro. E é impressionante que ainda o seja.

O homem fez na noite desta segunda uma palestra de cerca de uma hora sobre durante evento sobre o mercado de construções sustentáveis no Brasil e no mundo.

Disse o seguinte assombro:

“Mantenho válida a promessa que fiz, ano atrás, que jamais entraria na política. Não pretendo jamais disputar qualquer espécie de cargo eletivo. Mas Ministério da Justiça e de Segurança Pública, pra mim, eu estou indo para uma posição técnica. E não existe nenhum demérito, também não se enganem, não existe nenhum demérito na política. A política é mais nobre das profissões. Agora, existem aqueles que têm mais vocação para essa atividade, e outros não”.

Parece piada, mas é verdade. Ele falou mesmo esse troço.

Está tentando posar de coerente. Cumpre lembrar o que falou no dia 27 de novembro no Fórum Veja, um ano antes de aceitar o cargo e quatro meses antes de mandar prender Lula, que seria adversário de Jair Bolsonaro, seu futuro chefe. Já escrevi a respeito. Está aqui, com vídeo e tudo.

“O que eu coloco da minha inviabilidade de uma postulação dessa espécie — eu acho até que um magistrado, um ex-magistrado, pode ser um bom político, pode ser um bom ex-presidente (sic) — , mas eu entendo que, no momento, e eu não vejo isso também no futuro, NÃO SERIA APROPRIADO DE MINHA PARTE POSTULAR QUALQUER ESPÉCIE DE CARGO POLÍTICO PORQUE ISSO PODERIA, VAMOS DIZER ASSIM, COLOCAR EM DÚVIDA A INTEGRIDADE DO TRABALHO QUE EU FIZ ATÉ O PRESENTE MOMENTO”. ENTÃO EU ACHO QUE NÃO SERIA APROPRIADO. EU ACHO QUE O BRASIL PRECISA DE FORTALECIMENTO DAQUILO QUE N´S CHAMAMOS DE 'RULE OF LAW, OU DE 'GOVERNO DE LEIS', E UMA CANDIDATURA, POR EXEMPLO, MINHA SERIA INAPROPRIADA PARA ESSE PROPÓSITO...

Observem que, na fala de novembro, ele não se refere a cargo eletivo apenas. É mais amplo. Trata de “cargo político”.

O problema é que, com acerto então, ele observou que exercer um “CARGO POLÍTICO” poderia a “INTEGRIDADE” do seu trabalho em dúvida.

E como não passar por contraditório, mentiroso ou autor de trabalho não-íntegro? Ora, basta dizer, então, que o cargo político não é político, mas apenas técnico. A ser assim, políticos, doravante, serão apenas as pessoas eleitas. As que forem nomeadas pelo presidente da República e não se licenciarem de um mandato para exercer o cargo serão apenas… técnicas. Outro “técnico” desse governo, também não político, é Paulo Guedes.

É preciso tentar entender essa fala de Moro: ele está querendo, desde já, enviar recados aos tribunais superiores afirmando que, quando forem julgar o caso de Lula ou outro qualquer, considerem que havia apenas um juiz isento decidindo, não alguém que iria servir ao poder que, queiram ou não, ele ajudou a instaurar.

Não é uma manobra bonita essa.

Sem contar que o ainda juiz não deve ter lido “Romeu e Julieta”, de Shakespeare. A rosa teria igual perfume ainda que tivesse outro nome… O mesmo vale, no outro extremo, para o estrume. A questão não é de nomenclatura.

Há mais: ele sabe que o mercado da política é complicado. Se for visto, desde já, como um presidenciável, pode ter percalços inesperados no meio do caminho. Logo, é bom que seja encarado apenas como um futuro ministro do Supremo. Assim, ao medo presente que já desperta em razão dos superpoderes, pode-se juntar o medo futuro…

Moro será o mais político de todos os ministros.

Por Reinaldo Azevedo

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