quarta-feira, 7 de junho de 2017

Fascismo de esquerda: perguntas de PF-Janot a Temer são arapucas de Estado policial



Rodrigo Janot, procurador-geral da República, está por trás das 82 perguntas enviadas pela Polícia Federal ao presidente Michel Temer. Todo mundo sabe disso na PF. Todo mundo sabe disso na PGR.

As perguntas, com o beneplácito, mais uma vez, de Edson Fachin, relator do petrolão no STF (e esse caso nada tem a ver com a Petrobras), são parte da guerra movida por Janot contra o presidente e, em certa medida, contra “os políticos”. Um conhecido caçador de oportunidades, como Janot, agora pinta o rosto para a guerra e se faz passar por convicto. É mesmo? Até hoje Lula não esclareceu o que quis dizer, naquela sua conversa vazada com Sigmaringa Seixas, ao afirmar que, se Janot fosse formal, “não seria procurador-geral da República, teria tomado no cu, teria ficado em terceiro lugar (…) Quando eles precisam não tem formalidade; quando a gente precisa, é cheio de formalidade”. Pois é…

As 82 perguntas entrarão para a história, se for contada por gente com os meridianos democráticos ajustados, como um momento infamante da PGR, da PF e do próprio Supremo. Nos dois primeiros casos, porque representantes desses entes de estado se uniram com o propósito de promover um assédio moral e policial ao presidente. No terceiro, porque Fachin autorizou o, digamos, interrogatório escrito sem que a tal gravação, imprestável desde sempre para efeitos judiciais (nas democracias ao menos), tivesse sido periciada.

As perguntas compõem, na verdade, um roteiro de acusação e, no mais das vezes, não passam de arapucas. No melhor dos mundos para essa frente anti-Temer — que hoje junta, além das esquerdas, Janot, setores da PF e Fachin —, o presidente se incrimina ao responder (já explico a circunstância). No pior, mas ainda muito bom para estes que passo a chamar de “conspiradores”, Temer se nega a responder (é o mais prudente) e acaba alimentando a suspeita de que tem muito a esconder.

Uma pergunta pode ser tomada como um verdadeiro emblema do que é uma campanha orquestrada para depor o presidente, sempre destacando que, na origem de tudo, está uma gravação que jamais poderia ter sido usada como instrumento por um juiz. E Fachin não viu mal nenhum nisso. Sigamos.

Refiro-me à questão nº 19. Lá se lê o inacreditável, o estupefaciente, o absurdo mesmo. Conversei nesta terça com juristas de direita, de esquerda, de centro, escolham aí. Unanimemente, consideram a questão, em si, um escândalo. Mais: para eles, o conjunto das perguntas é típico de um Estado policial, uma vez que, no mais das vezes, não cobra do presidente um esclarecimento sobre fato apurado. Ao contrário: pede que o chefe do Executivo se posicione sobre conjecturas.

Mas o que há lá? Vou transcrever, prestem atenção!

“Existe algum fato objetivo que envolva a pessoa de Vossa Excelência e seja passível de ser revelado por Lúcio Bolonha Funaro ou Eduardo Cunha, em eventual acordo de colaboração?”

Obviamente, não se trata de uma pergunta, mas de um ameaça. De maneira clara e inequívoca, o agente da PF sugere saber de coisas que o presidente está se negando a revelar. E, dado o andamento das coisas, se tais revelações poderiam ser feitas nas respectivas delações premiadas de Funaro e Cunha, então quem está no domínio da caça ao presidente é mesmo o Ministério Público Federal.

Não há resposta possível para essa pergunta. A rigor, ela poderia ser dirigida a qualquer político, que se obrigaria a calar. Como é que o presidente pode tecer considerações sobre uma hipotética delação de Funaro e Cunha? Se diz não haver nada que o comprometa, ele se expõe ao risco da delação de um deles ou dos dois. Como sabe Joesley, Janot paga bem a delator que acusa o presidente. Se o mandatário admite o envolvimento, então assina a culpa.

Há muito o devido processo legal foi mandado para o diabo. O que se desenha aí é, sim, um estado policial, sem regras. Eu venho denunciando a coisa faz tempo. Há alguns incautos, acho eu, que não percebem o risco que todos corremos. E há, finalmente, os especuladores que apostaram alto na queda de Temer. E agora querem colher o fruto de sua previsão.

A pena que sinto é que não são apenas os inocentes úteis e os oportunistas que correm o risco de experimentar o veneno que agora admitem como remédio. Também os defensores da democracia estarão expostos a esse agente maligno.

Sim, estão aí as sementes de um estado policial, com características de fascismo de esquerda. Não por acaso, o parlamentar que é hoje o porta-voz de novo golpista o Randolfe Rodrigues, que o vermelho que tem a cara de pau de se pintar de verde e marinheiro.

Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário: