terça-feira, 9 de maio de 2017

Atrasar Moro é vital para projeto político de Lula



Lula repete há semanas estar “ansioso” pelo encontro com Sergio Moro. “É a primeira oportunidade que eu vou ter de saber qual é a prova que eles têm contra mim.” De repente, a menos de 72 horas da audiência, o réu pede o adiamento. Seus advogados alegam que não houve tempo para examinar um papelório requisitado à Petrobras. Lorota. A protelação tornou-se a principal carta no baralho da defesa —uma espécie de curinga, que será lançado sobre o pano verde várias vezes, sempre que o jogo apertar.

Lula precisa ganhar tempo. Do contrário, arrisca-se a virar um ficha-suja antes que sua candidatura presidencial seja homologada formalmente. Indefeso, sabe que é alto o risco de ser condenado pelo juiz da Lava Jato. Equipa-se para travar uma guerra judicial. Esboçou a estratégia ao discursar na noite da última sexta-feira, na abertura da etapa paulista do 6º Congresso do PT.

Disse Lula: “Hoje, aos 71 anos, eu tô com mais tesão para ser candidato do que antes. Quero ser candidato para provar que, se a elite brasileira não tem condições de consertar esse país, nós temos. Se querem tentar me impedir legalmente, que tentem. Nós vamos brigar na Justiça. Mas eu vou andar por esse país. Eu vou dizer pra quem quiser ouvir: se quiserem me pegar nesse país, se quiserem evitar que eu seja candidato, vão ter que competir comigo andando nas ruas desse país.”

Supondo-se que Moro condene Lula, a defesa recorrerá ao Tribunal Regional Federal (TRF-4), sediado em Porto Alegre. Se a sentença for confirmada, como vem ocorrendo na grossa maioria dois casos, Lula ficará inelegível. Estará mais próximo da cadeia do que das urnas. Seus advogados tentaram levar os processos para o Supremo Tribunal Federal. Não colou. Na falta de boa matéria-prima para uma absolvição, resta-lhes tentar atrasar o relógio de Sergio Moro.

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