Fernanda Barth |
Ouvi estarrecida o discurso da presidente Dilma na terça (22/03) no evento batizado de Encontro com Juristas pela Legalidade e em Defesa da Democracia. Tenho certeza de que não fui só eu que achei o título bastante irônico. Foi como se eu estivesse vendo uma obra de ficção, com discursos completamente desconectados da realidade. Em tudo o que foi dito por ela e por seus defensores existe uma verdadeira agressão à verdade, aos fatos.
Um evento vergonhoso, em ambiente controlado, com plateia treinada, onde a manipulação da verdade atingiu níveis absurdos, foram feitos ataques ao juiz Sergio Moro e a toda a Operação Lava Jato, como se tudo o que aconteceu até aqui fosse uma invenção orquestrada por grupos que não aceitaram o resultado das urnas. Haviam participantes comparando Dilma à Getúlio e outros taxando de fascistas em busca de um “fuhrer” todos os que querem o fim deste governo.
Dilma foi recebida aos brados de “não vai ter golpe!”, como se o referido golpe não fosse a tentativa de colocar Lula como Ministro para ter foro privilegiado, ou ainda a nomeação de um Ministro da Justiça que em seu primeiro dia faz ameaças a Operação lava-Jato em um dos maiores jornais do País. Ao insistir que o impeachment (inevitável) é golpe, Dilma esquece o próprio passado do PT, grande defensor do instrumento, e tenta, em ato de desespero, conclamar a sociedade a defender o governo. Ao taxar de inimigos golpistas os milhões de pessoas que foram às ruas, comete um tremendo erro e mostra que ainda não compreendeu o processo que está em curso, onde a população saturada de corrupção e de mentiras, já viu que o rei está nu e que o PT acabou.
A fala de Dilma, a pantomima que foi montada, mais pareceu o último suspiro de um governo moribundo que, completamente desconectado da vontade popular, fica repetindo o próprio discurso, falando apenas para o próprio umbigo. Sem força de articulação, sem base, sem argumentos verossímeis, não consegue convencer mais ninguém. Tenta se vitimar para ver o que sobrou de sua militância. Vai acabar engolindo o próprio rabo, como o Oroboro, ou assistindo, desnorteado, os próximos acontecimentos.
Fernanda Barth
Jornalista e Mestre em Ciências Políticas
Um comentário:
APÓS A ENTREVISTA PARA IMPRENSA INTERNACIONAL, A DILMA SE TRANCOU NO CAMARIM, E CANTOU, CANTOU...
Bastidores
(Cauby Peixoto)
Chorei, chorei, até ficar com dó de mim
E me tranquei no camarim
Tomei um calmante
Um excitante e um bocado de gim
Amaldiçoei o dia em que te conheci
Com muitos brilhos me vesti
Depois me pintei, me pintei, me pintei, me pintei
Cantei, cantei
Como é cruel cantar assim
E num instante de ilusão,
Te vi pelo salão
A caçoar de mim
Não me troquei,
Voltei correndo ao nosso lar,
Voltei pra me certificar
Que tu nunca mais vais voltar, vais voltar, vais voltar
Cantei, cantei
Nem sei como eu cantava assim
Só sei que todo cabaré
Me aplaudiu de pé quando cheguei ao fim.
Mas não bisei,
Voltei correndo ao nosso lar,
Voltei pra me certificar
Que tu nunca mais vais voltar, vais voltar, vais voltar
Cantei, cantei
Jamais cantei tão lindo assim
E os homens lá pedindo bis
Bêbados e febris à se rasgar por mim
Chorei, chorei até ficar com dó de mim.
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