Impedido por uma liminar do STF de assumir a Casa Civil da Presidência, Lula estreou nesta semana no papel de articulador político informal do governo. Longe dos refletores, ele tenta reunir uma infantaria parlamentar capaz de deter o avanço do impeachment.
No seu esforço para frear as deserções, Lula diz aos aliados que a eventual saída de Dilma não eliminaria os problemas. Ao contrário, o impeachment aprofundaria a crise. O novo articulador do Planalto recomenda aos aliados que raciocinem com a própria pele. Sustenta que o impedimento da presidente da República deixaria todos “vulneráveis”.
Pelo menos um dos interlocutores de Lula ficou com a impressão de que ele se referia à Lava Jato, insinuando que os governistas estão todos no mesmo barco. O interlocutor achou que, em privado, Lula ostenta um discurso que ecoa os diálogos captados pelos grampos feitos pela Polícia Federal por ordem de Sérgio Moro.
Numa das conversas gravadas pela PF, Lula diz a Dilma que Brasília acovardou-se diante da “República de Curitiba'': “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido. Não sei quantos parlamentares ameaçados. E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar. Sinceramente, eu tô assustado com a República de Curitiba.”
O curioso é que, mesmo sem impeachment, Lula não tem conseguido proteção nem para si mesmo. Hoje, é investigado por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico internacional de influência.
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