Veja\ Augusto Nunes
As declarações inaugurais do ministro da Justiça, Eugênio Aragão, reafirmaram que no faroeste à brasileira a bandidagem tem cúmplices fantasiados de xerife. Na entrevista à Folha, por exemplo, o caçula do mais bisonho primeiro escalão da história deu um recado aos policiais federais engajados na Lava Jato: “Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Eu não preciso ter prova”. Quer dizer: o justiceiro que não tolera a divulgação da verdade é também um detetive cuja única arma é o olfato.
Não é pouca coisa. Mas não é tudo. O entrevistado informou que também o instituto da delação premiada não lhe cheira bem. “Na medida em que decretamos prisão preventiva ou temporária em relação a suspeitos para que venham a delatar, essa voluntariedade pode ser colocada em dúvida”, pontificou. “Porque estamos em situação muito próxima da extorsão. Não quero nem falar em tortura”. O besteirol permite suspeitar que Delcídio do Amaral resolveu contar o que sabe por não ter suportado os métodos selvagens utilizados pelo juiz Sérgio Moro e pela força-tarefa de procuradores federais.
Nesta terça-feira, mais sinais de que pretende trocar o comando da Polícia Federal somaram-se ao falatório infeliz para confirmar que o ministro tentará sabotar a operação que, por ter mostrado que a lei enfim passou a valer para todos, é aplaudida por oito em cada dez brasileiros. Vai quebrar a cara. Depois do lote inicial de bravatas e bobagens, ficou parecido com um atacante da Seleção Brasileira que prometesse virar o jogo ao entrar em campo no segundo tempo daquele 7 a 1 contra a Alemanha.
O Titanic infestado de cafajestes está com a proa submersa. Aragão imagina que pode rebocá-lo até a praia usando uma canoa. Se não criar juízo, constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, acabará consumando uma proeza e tanto: será o primeiro ministro da Justiça enquadrado pela Justiça por obstrução da Justiça.
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