Da operação da Petrobras em Pasadena, no Texas, uma parte ainda está bem guardada. Quando o litígio entre a estatal e a sócia belga terminou, um terreno comprado pela Astra foi herdado pela empresa brasileira. Trata-se de uma fábrica de papel falida chamada Pasadena Paper — tão centenária quanto a própria refinaria. A Petrobras tinha a intenção de usar o local para a ampliação da planta de refino. A ideia era aumentar a capacidade de processamento de 100 000 barris diários para 200 000. Junto com o projeto, a estatal aprovou a criação de uma nova empresa a ser instalada no local: a Petrobras Asphalt, que fabricaria asfalto como subproduto do petróleo processado em Pasadena. A empresa foi registrada no banco de dados do estado do Texas em 8 de janeiro de 2010. Mas sua atuação foi fulminante. No início de 2013, já estava fora de operação.
Não há registros da atuação da Asphalt em Pasadena. Sua área, assim como o restante do terreno da empresa de papel, integra um elefante branco na cidade e funciona meramente como galpão de estocagem de insumos da refinaria. A Petrobras jamais comunicou aos seus acionistas sobre a criação da nova empresa e tampouco o que pretendia com ela. Comandada pelo então gerente da área de asfalto da BR Distribuidora, Jorge Paulo Moro, a Asphalt tem em seu DNA as digitais de Nestor Cerveró e seu sucessor na diretoria internacional, Jorge Zelada. À época da criação da empresa, Cerveró era diretor financeiro da BR, o único braço da estatal ligado a projetos de asfalto. Foi ele que chancelou a indicação de Moro, funcionário de carreira da estatal, para liderar o negócio. Outra indicação foi a de Sócrates José Marques da Silva, assessor de Zelada, que também assinou pela criação da empresa.
Da mesma forma que o projeto de expansão da refinaria nunca vingou, a Petrobras Asphalt também foi sepultada. Com a chegada de Graça Foster à presidência da estatal, não só a diretoria internacional viu seu poder minguar, como os projetos que estavam sob sua batuta também foram congelados. O quanto a Petrobras gastou para criar a estrutura da Asphalt nos Estados Unidos ainda é um mistério. Contudo, apenas para implodir um prédio localizado no terreno da empresa de papel e assim usá-lo para seus próprios interesses, a estatal injetou 10 milhões de dólares, por meio da refinaria de Pasadena.
Em 2013, a Asphalt deixou de operar e seus funcionários voltaram ao Brasil. No pouquíssimo tempo em que funcionou nos EUA, a única coisa que acumulou foram duas ações na Justiça, das quais é ré. Ambas alegavam terem contratos firmados com a empresa brasileira, cujos pagamentos não foram honrados. Para escapar das penalidades, a empresa tem alegado que está em processo de dissolução e não pode arcar com nenhuma penalidade financeira.
Veja.com
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