
São pessoas que vivem da imaginação, normalmente bastante distante da realidade, onde tudo é possível, nada é difícil e tudo se resolve da maneira mais fácil, desde que, claro, tudo ocorra de acordo com o que elas esperam ser a solução para quaisquer dos mais diferentes acontecimentos da vida.
Quando imaginam algo, mesmo sendo algo que levará anos para ser construído, já começam a falar sobre a obra pronta e de como ficou bonita aquela planta no jardim antes de o primeiro tijolo ser assentado. Apontam detalhes do seu imaginário como se pudessem tocá-lo naquele momento de sua narrativa.
Por parecer não serem afetadas por nada do que para os outros é real, são pessoas carismáticas, muito simpáticas, sorridentes, leves, e nada do que incomoda, irrita ou enerva as outras pessoas parece atingi-las. Acreditam em tantas facilidades que acabam deixando de cumprir, na vida real, detalhes que para os outros são de fundamental importância, como as contas do dia a dia, desde água, luz, telefone, IPVA e IPTU, até as obrigações perante o fisco. Imaginam que, se forem cobradas, sempre poderão fazer um acordo e pagar menos ou em melhores condições.
Passam sua vida esperando por algo como anistias de multas e juros para aí sim negociar um pagamento de longo prazo e, mesmo assim, costumam não cumpri-lo. Imaginam que, com o passar do tempo, dívidas como as federais, mesmo quando acionadas na Justiça, se forem proteladas através de artifícios jurídicos, prescreverão, o que, sabemos todos, nem sempre ocorre.
Acabam, com isso, se complicando contábil ou juridicamente, sendo desacreditadas moralmente, tendo situações constrangedoras – como a de ser cobrado ou notificado por oficiais de justiça diante da esposa ou filhos – e nem assim parecem se incomodar ou buscar mudanças, pois continuam acreditando que tudo se resolverá facilmente.
Os problemas começam a se avolumar cada vez mais, de modo a se tornarem insolúveis e elas acabam sendo obrigadas a viver sem nada em seu nome, sem crédito, contas correntes, cartões de crédito e tudo o que é bastante comum para todos os que as cercam, mas que vivem a realidade.
Nesse ponto, começa a ocorrer algo ainda mais triste, pois sempre fugindo da realidade, colocam bens e fazem compras em nome de outras pessoas, desde pequenos objetos a imóveis, e normalmente não cumprem também com a responsabilidade sobre aqueles bens, prejudicando agora aqueles que, pensando ajudar, permitiram que algo de terceiros fosse colocado em seu nome.
E o sonhador inicia agora um novo ciclo, onde começará a dar, para os seus normalmente muito próximos, o prejuízo financeiro, moral e ético que, em seu nome, já foi totalmente consumado, machucando, assim, pessoas como filhos, esposas, irmãos e mães.
Entretanto, quando é ele o credor, fica horrorizado quando alguém não o paga no exato vencimento da dívida, falando mal e xingando este seu devedor, esquecendo-se completamente, no entanto, de que é exatamente aquele o seu comportamento, e que, com ele, está destruindo vidas e sonhos reais daqueles a quem prejudicou.
Os irresponsáveis não aceitam quando a irresponsabilidade de outros os atinge.
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