Mais manifestações, mais quebra-quebras, mais inação da Polícia. Os bandidos estão uniformizados, mascarados, com martelos e marretas, e mesmo assim não são sequer convidados a identificar-se. Quebram equipamentos públicos, põem fogo em ônibus, explodem um carro, ferem gente, viram uma viatura policial, arrebentam vitrines, invadem bancos para depredá-los e ninguém é preso. Cadê o Governo dos Estados, o Governo federal? Há várias hipóteses possíveis:
1 ─ O Governo ordena à Polícia que não intervenha.
2 ─ O Governo ordena à Polícia que intervenha, mas não é obedecido.
3 ─ O Governo ordena à Polícia que intervenha, mas a Polícia não tem condições para intervir.
São hipóteses intoleráveis: indicam que Estados e União estão sem governo.
Ou há ─ e esta é uma outra hipótese, a mais terrível e intolerável de todas: a de que haja autoridades interessadas na confusão e na depredação. Já houve imagens na TV de baderneiros jogando coquetéis Molotov, correndo em direção à Polícia, sendo bem acolhidos e, pouco depois, reaparecendo fardados. Pode ser um caso isolado. Tomara ─ mas, se não for, explica toda a baderna e a inação policial. Nada como agentes provocadores para criar um clima que leve a opinião pública a exigir que as autoridades retomem o controle das ruas e se imponham sobre os vândalos, mesmo com um golpe, mesmo que destruam a democracia.
Resumindo: ou o Governo é irresponsável, ou o Governo é responsável.
Relembrar é preciso
Em 1964, agia nos quartéis o mais famoso agente provocador brasileiro: Anselmo José dos Santos, o Cabo Anselmo. Insuflou a rebelião dos sargentos, levando as Forças Armadas a reagir à quebra da hierarquia e ajudando a convencer a classe média de que o Governo planejava um golpe e deveria ser derrubado.
Publicado na coluna de Carlos Brickmann
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