A EDUCAÇÃO E OS ROYALTIES
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| Brasilino Neto |
Vimos há algum tempo a
interpretação dada à crônica “Universidade”, de Lima Barreto, de 1920, que
tratava do ensino no Brasil e por interessante voltamos ao assunto,
principalmente agora que se inicia debate visando à aplicação de recurso dos
royalties do petróleo.
Por entender que depois de 93
anos é atualíssima e faz com que pensemos no futuro, principalmente ante as
eleições majoritárias de 2014, que embora distante já está na pauta política,
onde os candidatos desavergonhadamente fazem promessas mil sobre educação, e
outros temas, mesmo sabendo não poder cumpri-las.
Vimos na Crônica que os políticos
da época faziam promessas tais, afirmando terem sérias preocupações com o
futuro das gerações e suas formações e, no entanto, fugiam do foco principal do
debate: a Educação.
Empenhavam-se na construção de
prédios suntuosos sem que voltassem a atenção para a boa formação daqueles que
iriam deles fazer uso.
Preocupavam-se com a parte
material e estética dos prédios e se esqueciam da parte humana, pois os
professores, desde então são considerados como secundários e não como
fundamento da educação.
Isto se dá até na atualidade, com
a Carta Magna que manteve os princípios da Emenda Constitucional 23/83,
conhecida como “Passos Porto”, que impõe a aplicação de 13% do orçamento da
União e 25% dos Municípios, na Educação sem que isto possa refletir sobre os
ganhos dos professores que são os esteios da educação e que são mal pagos, pois
a tal emenda não permitia que se desse, o que perdura por 30 anos.
Esta disposição constitucional
mais se parece bomba de nêutrons, que mantém o material e destrói o humano,
pois preserva os prédios e se esquece do ser humano, o professor.
Por sua vez a maioria dos
estudantes da época, tal como agora, vai à escola simplesmente para “passar de
ano”, sem empenho em ser bom na área escolhida, buscando títulos universitários
seguro que com eles em mãos, possa ir a qualquer lugar e dar soluções aos
problemas que se lhe apresentarem.
Sobretudo nas áreas que têm como
fim de seus trabalhos a vida e os destinos da pessoa humana, que já naquela
época, eram lidadas com o mesmo descuido que se tratam hoje o Direito e a
Medicina, uma vez que o governo empenhava em abrir faculdades sem cuidar de bem
aparelhá-las e fiscalizar, de modo que saiam delas profissionais que possam
realmente atender aos interesses das comunidades onde prestarão seus
serviços.
Trata-se, de uma questão
encravada em nosso meio desde a década de 20, pois no dia a dia tomamos
conhecimento dos erros que profissionais destas áreas, e de outras, causam aos
seus contratantes, violando-lhes os direitos e mal lhes assistindo.
Os recursos hoje, como na década,
dificultam a formação em massa de bons professores, o que faz com que se entre
em uma espiral negativa, não se formando bons profissionais por não se ter bons
professores e não se tem massa de bons professores por mal destinarem os
recursos, eis que a legislação privilegia os gastos com construções e impede a
aplicação dos recursos aos professores.
Veja-se a tal “progressão
continuada”, que impõe que o aluno seja promovido independente do resultado do
aprendizado, a ponto de uma mãe ter ingressado e obtido liminar impedindo a
promoção do filho.
A busca, pelo que se vê desde
1920, é a de “formar doutor”, independendo se boa ou má, se com cultura ou não,
deixando transparecer, como a 93 anos, que os governos têm que quanto menos
letrados e cultos mais fáceis se manipular.
Ante, desta forma e situação,
retratar o pensamento de um poeta nacional que afirmava: “Deus de certa forma castiga os povos
infiéis, o Egito com gafanhoto e o Brasil com bacharéis”.
Por Brasilino Neto

2 comentários:
Mais uma beleza de manifestação do doutor Brasilino. Brasa, se for para debater esta questão daqui a 93 anos quero lhe fazer companhia. abraços.
Bela análise de uma triste realidade. Gostei da frase dos gafanhotos e dos bacharéis.
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