A CPI da Petrobrás, requerida com assinaturas de 120 deputados da base aliada, 52 do PMDB, partido que ocupa a vice-presidência da República, não deve prosperar. Será barrada pelo presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), assim como o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) impediu que a MP dos Portos caducasse. Velho de guerra nos meandros que a presidente Dilma Rousseff e suas ministras de articulação política ainda patinam, o PMDB morde e assopra. Cria confusão e vende caro a solução.
Renan atropelou o regimento, fez juras que sabe que não cumprirá, e aprovou a MP em menos de 12 horas. Deixou Dilma como devedora de uma conta polpuda. Já Alves tem um poder de barganha imenso: 15 CPIs na fila, que ele coloca na pauta se e quando quiser.
Em outras palavras, o governo Dilma - sustentado pela maior base de que se tem notícia no planeta - é refém do PMDB. Uma dependência costurada quando o então presidente Lula necessitou de José Sarney (PMDB-AP) para evitar que a fervura do caldo do mensalão lhe interrompesse o mandato. Fernando Henrique Cardoso também foi, mas em menor grau. Tinha o fiel PFL dando-lhe músculos nas emergências.
Dilma navega trôpega. Foi aconselhada a manter-se longe da política. Seja no Congresso ou fora dele. Ainda que queira fazer o diabo para se reeleger, não tem preparo para encarar capetas como o governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB).
Nem mesmo quanto ao PT ela tem certezas. Até porque alguns petistas não escondem que preferem Lula em 2014.
Já não conta também com a fidelidade do PSB do governador de Pernambuco Eduardo Campos, decidido pelo voo solo no ano que vem. Nem com o PSD de Gilberto Kassab, que prefere tirar o corpo fora.
Diz - bem ao estilo de quem definiu a sigla como nem à direita, nem à esquerda, nem de centro -, que vota em Dilma, mas que o partido não está alinhado, e o ministério dado ao correligionário Afif Domingos é cota pessoal da presidente.
PSB, PSD, PTB e PSC contribuíram, mas não chegaram nem perto do também aliado PP, que, mesmo comandando o cobiçadíssimo Ministério das Cidades, colocou 26 assinaturas, 70% de sua bancada, na CPI da Petrobrás.
Sabem que o governo só negocia sob pressão. E que quanto mais de presépio forem as vacas, menor é o valor delas.
Nesse contexto, soou como chacota a frase de Lula, na última quarta-feira, quando admitiu ter escolhido uma neófita para dirigir o País: "Eu acho que a presidenta, depois de dois anos e meio, já sabe tranquilamente como cuidar da política.” Dito assim, parece que nem o inventor de Dilma consegue mais esconder que torce por Lula em 2014.
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