terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Yoani sonha com o dia em que também os cubanos poderão manifestar-se livremente


O primeiro post de Yoani Sánchez sobre a viagem ao Brasil


Segue o texto em português:

Carregar um caderno de viagem é tão difícil como estudar para uma prova de matemática no interior de uma discoteca. Atenta a nova realidade que se mostra ante meus olhos desde que saí de Cuba, vi-me ante a alternativa de viver ou narrar o que me ocorre, atuar como protagonista deste itinerário ou como a jornalista que o cobre. Os dois pontos de vista são difíceis de serem postos lado a lado, dado a velocidade e a intensidade de cada acontecimento, portanto tratarei de ir colocando por escrito algumas impressões. Linhas do que me sucede, fragmentos às vezes caóticos do que experimento.

A primeira surpresa do programa foi no Aeroporto Jose Martí de Havana quando depois de atravessar a porta da emigração vários passageiros começaram a se acercar e a me dar suas mostras de solidariedade. O afeto foi crescendo na medida em que o trajeto avançava e no Panamá encontrei uns venezuelanos também muito carinhosos… Apesar de me pedirem o favor de que não subisse a foto com eles para o Facebook… Para não terem problemas em seu país. Depois dessa escala veio o vôo mais longo até o Brasil, com uma sensação mental e física de descompressão. Como se houvesse estado submersa muito tempo sem poder respirar e conseguisse agora ter uma inspiração de ar.

No aeroporto de Recife um lugar para o abraço… Ali encontrei muitas pessoas que durante anos têm apoiado meu empenho de viajar para fora das fronteiras nacionais. Houve flores, presentes e até um grupo de gente me insultando que muito gostei – confesso – porque me permitiu dizer que eu sonhava com que “algum dia em meu país as pessoas pudessem expressar publicamente dessa forma contra algo, sem represálias”. Um verdadeiro presente de pluralidade para mim que chego de uma Ilha que tentaram pintar com a monocromática cor da unanimidade. Mais tarde tive aceso a uma Internet tão rápida que quase não compreendo, sem páginas censuradas nem funcionários olhando por cima do ombro a página que visito.

Desse modo que até agora vai tudo muito bem. Brasil tem me dado o presente da diversidade e do carinho, a possibilidade de apreciar e narrar tantos assombros.

Um comentário:

Miriaklos disse...

Yoani arrume um jeito para que estes imundos que a hostiliza vivam em seu país e ai verão como é difícil viver sobre o malho, o cacete, o cacetete e sem qualquer liberdade,até mesmo para se alimentar, conversar com estrangeiros que visitam a ilha, frequentar restaurantes e fazer a as coisas minimas que a vida nos proporciona.