Josias de Souza
O ‘Rosegate’ faz aniversário de três meses neste sábado (23). Sumida do noticiário, a encrenca revelada pela Operação Porto Seguro caminha em ritmo de tartaruga manca. Trata-se, você talvez já nem se lembre, daquele caso da quadrilha que agenciava em órgãos públicos pareceres de interesse privado. O Ministério Público Federal denunciou 24 pessoas em São Paulo.
Entre elas Rosemary Noronha, ex-chefe do escritório paulista da Presidência da República. Uma íntima amiga de Lula, que logrou emplacar dois chegados em diretorias de agências reguladoras do governo: os irmãos Paulo ‘ANA’ Vieira e Rubens ‘ANAC’ Vieira, também denunciados pela Procuradoria.
Em 8 de janeiro, informa a repórter Marcela Mattos, a Justiça Federal mandou expedir as notificações para que os acusados apresentem defesa prévia. Depois de notificados, terão 15 dias para se manifestar. E a Justiça dirá se transforma a denúncia em ação penal ou se arquiva o caso. Por ora, não há vestígio nos autos de contestações dos acusados.
Apontado como “chefe” da quadrilha, Paulo Vieira chegou a acenar com a hipótese de delatar outros envolvidos no esquema em troca de benefícios judiciais. Já deu meia-volta. “Ele não tem o que falar. Foi puro transtorno emocional”, afirma agora o advogado Leônidas Scholz, que cuida da defesa de Paulo. “A denúncia não imputa um único ato de corrupção ativa, não há o recebimento de um centavo. Isso é só um começo e uma parte de uma longa defesa que vamos apresentar.” O doutor prevê: o processo será “demorado”.
Nada que cause grandes espantos. No Brasil, como se sabe, quem semeia verbas quase sempre colhe impunidade. Logo que o ‘Rosegate’ ganhou as manchetes, esperava-se que Lula dissesse meia dúzia de palavras a respeito do tema. Até agora, nada. Natural. Certos políticos acham que não devem nada a ninguém. Muito menos explicações.
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