Ela entrou em parafuso na época em que FHC a trocou pelo PFL. Perdeu o rumo quando Lula se negou a levá-la para Brasília. Sumiu do mapa depois que o ex-operário começou a desfilar pelos salões da capital de braços dados com Jeffersons, Valdemares e outros azares. O país se perguntava há anos: onde está a Esquerda Brasileira? O que faz que não reage?
O longo sumiço levou muita gente a imaginar que ela tivesse morrido. Porém, após angustiante espera, ela reapareceu. Descobriu-se que, desiludida, ela largara tudo, trancara-se em seus rancores e passara a buscar em segredo uma causa que a motivasse. De vez em quando, apalpava-se na altura da cintura e alarmava-se com os focos de prosperidade que se avolumavam ali. No entanto…
Antes que decidisse entre converter-se à direita ou aderir a uma dieta, a Esquerda Brasileira encontrou na visita da blogueira cubana Yoani Sánches o biotônico existencial que lhe faltava. Em menos de 24 horas, a ex-sumida protestou contra a inimiga da ditadura dos irmãos Castro em dois aeropostos –Recife e Salvador— e numa sala de projeções na cidade baiana de Feira de Santana.
Aparelhada pela embaixada de Cuba em Brasília, a Esquerda Brasileira mostrou que ainda está em forma. Não deu colher de chá nem a Eduardo Suplicy. Sapecou no senador, que acompanhava Yoani no interior da Bahia, o epíteto de “traidor”. A bloqueira encantou-se com o vigor de seus antagonistas. Disse sonhar com o dia em que protestos do gênero ocorrerão em Cuba sem que ninguém vá em cana.
Para azar da Esquerda Brasileira, a visita de Yoani ao país vai durar apenas sete dias. A boa notícia é que a Esquerda nacional já não precisa resignar-se, autoflagelar-se ou entregar-se às novelas e ao BBB. Pode mudar-se para Cuba e realizar o sonho de Yoani, perseguindo-a dia e noite pelas ruas de Havana.
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