Josias de Souza
O primeiro Carnaval pós-pibinho revela que a situação nacional continua ótima. A nova classe média do Brasil nunca esteve tão hígida. O povo brasileiro está mais musculoso. Pelo menos a parte da população que a tevê exibe nos desfiles das escolas de samba, normalmente de baixo para cima.
As câmeras viraram um poderoso instrumento de pesquisa econômico-social. Com suas cobiçadas lentes, a tevê aproxima todo mundo dos traseiros sacolejantes das mulheres. A gente toca a intimidade alheia com os olhos. Sem o receio de levar uma bofetada.
Tomado por esse grande Dataglúteo, o Brasil está bombando. Perdeu celulite. Ganhou músculos. O país já estava habituado à pujança natural de suas mulatas, cuja pisadura saltitante é uma despudorada promoção pessoal. Mas agora qualquer branquela queimada artificialmente tem os seus sinais exteriores de prosperidade.
Da cintura para baixo, o país tem o que mostrar. Bem verdade que a margem de erro da pesquisa é alta. A tevê é muito seletiva. Entre uma tremebunda e outra, suas câmeras sabem escolher as que merecem um minuto de celebridade.
Seja como for, Dilma Rousseff deveria considerar a hipótese de instituir, por medida provisória, o Carnaval de 365 dias. Nada mais urgente e relevante. Num instante em que faltam desculpas a Guido Mantega, não é razoável que coxas tão prósperas e nutridas tomem chá de sumiço e passem um ano malhando e treinando os movimentos para o desfile do ano que vem.
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