quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Mauro Cid contraria estratégia de Bolsonaro e decide falar à PF sobre caso das joias


O tenente coronel Mauro Cid — Foto: Reprodução/TV Câmara

Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid continua nesta quinta-feira na sede da Polícia Federal prestando depoimento sobre o suposto esquema de desvio de joias e relógios do acervo público. Também intimados a depor, o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro já saíram do prédio da PF após recorrerem ao direito de ficar em silêncio.

Esta é a terceira vez que Cid depõe à PF em menos de uma semana. Na sexta e segunda-feira passada, ele ficou por mais de 16 horas diante dos investigadores. Nesta quinta-feira, ele chegou à PF às 9h15 - duas horas antes do horário previsto, às 11h.

Após ficar em silêncio nas primeiras vezes em que foi chamado a depor, Cid mudou de estratégia depois que trocou de advogado pela terceira vez. Ao GLOBO, o criminalista Cezar Bitencourt afirmou que ele está colaborando com as investigações.

— Estamos muito cansados, estamos verificando um monte de material. Tem documentos que a gente tem que analisar, a gente leva horas, papéis, a gente fica movimentando coisas — afirmou o advogado, na última terça-feira.

Os dois depoimentos prestados anteriormente estavam relacionados ao inquérito que apura a suposta contratação dos serviços do hacker Walter Delgatti Netto para invasão das urnas eletrônicas. A oitiva de hoje se refere à investigação de que relógios e joias dados por autoridades estrangeiras foram ocultadas e vendidas no exterior.

Bolsonaro e Michelle adotaram uma linha de defesa diferente da do ex-ajudante de ordens. Em ofício remetido ao Supremo Tribunal Federal, a defesa do casal afirmou que eles só "prestarão depoimento" ou "fornecerão declarações adicionais" quando o caso das joias sair das mãos do ministro do STF Alexandre de Moraes e for remetido à primeira instância. Na visão dos advogados deles, Moraes não é o "juiz natural competente" do processo.

Terceiro criminalista a assumir a defesa do ex-ajudante de ordens, Cezar Bitencourt disse anteriormente ao GLOBO que Cid pretendia assumir à PF as negociações para revenda de um relógio Rolex, recebido por Bolsonaro em viagem oficial. O advogado também afirmou que a carreira do militar foi marcada pelo respeito à “obediência hierárquica” dentro do Exército e que ele “sempre cumpriu ordens”.

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