sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Lula transforma lançamento de novo programa num 'PACmício'



O governo lança nesta sexta-feira o "Novo PAC". Trata-se da reedição de uma velha iniciativa: o Programa de Aceleração do Crescimento. Nasceu no segundo reinado de Lula, foi soterrado sob as ruínas econômicas de Dilma Roussef e ressurge agora embrulhado em cifras superlativas.

O Planalto informou aos líderes do Congresso que investirá R$ 240 bilhões em verbas do orçamento federal até o final do terceiro mandato de Lula —R$ 60 bilhões por ano. Adicionando à conta o fermento de hipotéticas parcerias com a iniciativa privada e de supostos aportes de empresas estatais, o governo eleva para R$ 1 trilhão o montante a ser investido em quatro anos.

O plano inicial é dar prioridade às obras inacabadas. Os governos foram convidados a indicar 300 edificações. A providência vale por uma autocrítica, pois o Tribunal de Contas da União contabiliza em 5.344 as obras do antigo PAC que permanecem inacabadas. Desse total, 2.688 encontram-se paralisadas.

As dúvidas sobre a capacidade de Lula de fazer chover tanto dinheiro sobre obras ao redor do país transformam num exercício de quiromancia qualquer especulação sobre o potencial de estímulo ao crescimento embutido no Novo PAC. Por ora, estima-se que crescerá apenas o ceticismo.

Faltam quatro meses e meio para o encerramento do ano e não há vestígio das verbas que garantiriam os R$ 60 bilhões previstos para 2023. O fechamento da conta do orçamento de 2024 depende da boa vontade do centrão em avalizar na Câmara emenda do Senado que abriu na proposta de nova regra fiscal uma brecha para gastos adicionais de cerca de R$ 40 bilhões.

Lula escolheu como palco para o lançamento do Novo PAC o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, assentado no centro do berço político de Bolsonaro. Foram convidadas cerca de 800 pessoas, entre governadores, prefeitos, parlamentares, empresários, líderes sindicais e celebridades.

Alheio à descrença potencializada pelas circunstâncias econômicas, Lula caprichou na pompa. Converteu o principal evento do primeiro ano do seu terceiro mandato num "PACmício". Abre com três anos e cinco meses de antecedência o canteiro de obras de 2026.


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