domingo, 6 de agosto de 2023

Ameaça de matar Lula mostra bolsonarismo troglodita vivo



A vitória de Lula em 2022 pela pequena margem de 1,8% dos votos mostrou que parte do conservadorismo civilizado abandonou Bolsonaro. O 8 de janeiro mostrou que a direita encolheu, mas o golpismo não desapareceu. Ameaças de assassinar Lula são erupções de ódio que realçam a percepção de que o pedaço troglodita da direita, mesmo asfixiado por inquéritos criminais, respira insensatez.

Menos de 24 horas depois de prender um fazendeiro do Pará que revelou em público a intenção de dar um tiro em Lula, a Polícia Federal realiza nesta sexta-feira batida de busca e apreensão contra um vigilante profissional suspeito de borrifar nas redes sociais imagens que estimulam ataques ao presidente da República.

Nesses episódios, a prevenção é sempre melhor do que a lamentação depois do desastre. O problema já não é a resistência do ódio de voltar para o armário. A questão é que a irracionalidade renitente dá mostras de que não recuperará a sobriedade sem um estágio na cadeia.

Ironicamente, o ódio do bolsonarismo arcaico pulsa num instante em que um Bolsonaro inelegível evolui do arcaísmo ideológico para a modernidade da pixcaretagem. O capitão adoçou o seu ocaso político com uma coleta de mais de R$ 17 milhões.

Bolsonaro tirou a direita do armário em 2018, mobilizou-a por quatro anos, conduziu-a à derrota em 2022 e, agora, tira proveito financeiro dela. Costuma-se medir o grau de insanidade de uma pessoa pela sua disposição de rasgar dinheiro. Quem se anima a financiar o ócio não se constrangerá em prolongar o ciclo de ódio inspirado pelo mito.

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