quinta-feira, 24 de agosto de 2023

PF trata Bolsonaro como chefe de uma organização criminosa



Bolsonaro conseguiu bolsonarizar a rotina política do país porque encontrou material. Impossível criticar a desfaçatez do personagem e tratar com punhos de renda empresários como Meyer Nigri, que se dispunham a repassar adiante as mentiras de um presidente negacionista, obscurantista e antidemocrático.

Inevitável constatar que o roubo de joias da União só foi possível porque contou com a cumplicidade fardada e paisana. Incontornável a constatação de que o golpismo e a corrupção foram blindados por quem deveria combatê-los. Depois que o eleitor derrubou os escudos, a perversão de Bolsonaro virou um rabo escondido, com o elefante de fora.

Contra esse pano de fundo radioativo, a Polícia Federal deixou de tratar Bolsonaro como ex-presidente. Ele será interrogado na quinta-feira da semana que vem como chefe de uma organização criminosa. Virou freguês de caderneta dos investigadores. Amarga sua quinta intimação. Dessa vez, responderá sobre duas perversões: a parceria miliciana com empresários para a difusão de mentiras e o comércio ilegal das joias da República. No caso das joias, prestarão depoimento simultaneamente os cúmplices fardados e civis.

Suicida didático, Bolsonaro facilitou o trabalho policial. Ele planejou metodicamente os seus erros. Transformou o mandato numa instalação desconstrutiva. Desgovernou o país movido por forças inconscientes e antagônicas. A retórica era patriótica e limpinha. A prática, golpista e corrupta. Blindado, convenceu-se de que sua invulnerabilidade o faria eterno no Planalto. Virou do avesso a lógica do acobertamento. Deixou um rastro pegajoso que conduz a Polícia Federal na sua excursão pelos porões do descalabro.

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