A médica Haydée Marques da Silva, de 66 anos, foi denunciada nesta segunda-feira pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ) por homicídio doloso, com dolo eventual (quando o autor assume o risco de produzir o resultado), pela morte de Breno Rodrigues Duarte da Silva, de 1 ano e meio.
Haydée estava de plantão em 8 de junho quando foi chamada para socorrer o bebê na casa dele, na Barra da Tijuca (zona oeste), mas se recusou a prestar atendimento. A criança, que sofria de doença neurológica e era acompanhada em casa por uma técnica de enfermagem, morreu enquanto aguardava o socorro, depois de aspirar o próprio vômito. Se a Justiça aceitar a denúncia feita pela 7ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal do Rio, Haydée será julgada pelo Tribunal do Júri.
O MP-RJ também requereu a suspensão do exercício profissional da médica, com base no Código de Processo Penal. “A gravidade dos fatos narrados e diversas notícias anteriores de maus atendimentos, inclusive um recente que resultou em homicídio culposo, demonstra a total instabilidade e falta de equilíbrio de Haydée para o exercício da medicina, revelando a imensa probabilidade de que prossiga reiterando as práticas abusivas e criminosas”, afirma a denúncia.
Segundo a peça acusatória, Haydée se recusou a prestar atendimento a Breno sob a justificativa de que não era pediatra. O paciente apresentava sintomas que justificavam o quadro classificado como “urgência com prioridade”, que demanda atendimento em dez minutos. Breno permaneceu sem o devido atendimento por aproximadamente uma hora e meia, quando a segunda equipe de socorro chegou ao local. A autopsia constatou que a causa principal da morte foi “broncoaspiração maciça”, sendo a omissão da médica fator determinante para o resultado.
Após prestar depoimento à delegada Isabelle Conti, da 16ª DP (Barra da Tijuca), em 12 de junho, a médica afirmou à imprensa que se recusou a atender Breno porque ele não corria risco de morte. “Fui atender um bebê que não corria risco de morte, que tinha um profissional de saúde em casa [a técnica de enfermagem do home care]. Quando há um código vermelho que fala sobre risco de morte, eu atendo, mesmo não sendo pediatra. A classificação de risco neste caso era baixa.”
Haydée negou omissão no caso e disse ser inocente. “Fui informada pela técnica que era uma gastroenterite, com neuropatia. Não estou arrependida porque não fiz nada de errado. Estou triste e muito abalada pelo fato de a criança ter morrido. Não acho que tenha sido responsabilidade minha a morte dela.”
(Com Estadão Conteúdo)
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