sexta-feira, 28 de julho de 2017

Ibope: Dilma é melhor do que Temer? Eis a prova: Lava Jato e fascismos tornam o país burro


Churchill, Hitler e Dilma: três exemplos distintos de erros clamorosos do povo

Se o povo estivesse sempre certo, Churchill teria sido reeleito no pós-guerra. E não foi. Se o povo estivesse sempre certo, Hitler não teria se tornado chanceler da Alemanha. E ele se tornou. Se o povo estivesse sempre certo, Dilma não teria conseguido se reeleger. E ela conseguiu. Ainda assim, o próprio ex-primeiro-ministro do Reino Unido foi definitivo sobre a participação popular na escolha dos governantes: a democracia é o pior sistema que há, exceção feita a todos os outros. Assim, por mais que você considere, como considero, que a população pode fazer escolhas insensatas, qualquer outro sistema que se lhe oponha seria pior. Então, deixemos que o povo erre, o que não quer dizer que nós precisemos endossar seus desatinos.

Muita gente já escreveu a respeito, meus caros. Aliás, a vulgata jamais escrita por Maquiavel em “O Príncipe, segundo a qual os fins justificam os meios, nasce de uma consideração que fez o autor sobre o que se poderia chamar “opinião pública”. O que ele diz lá? Se o povo considera bom um determinado resultado, não costuma perguntar ao governante que caminho foi trilhado nem indaga sobre os meios. Maquiavel não exortava, o contexto fica claro, o príncipe a enfiar o pé na jaca em nome de fins apreciados pelo povo. Tratava-se apenas de uma constatação. Sigamos.

Segundo pesquisa Ibope, nada menos de 70% consideram o governo Temer ruim ou péssimo; em março, antes da pantomima da dupla “J&J”, Janot e Joesley, a coisa já não era boa: 55% pensavam o mesmo. A deterioração é importante. Apenas 5% acham o governo ótimo ou bom. Mais um número impressionante? Pois não! Para 52% dos entrevistados, o governo Dilma era melhor do que o governo Temer.

Há índices ainda mais (mal)vistosos: 83% dizem desaprovar a maneira como o presidente governa, e 87% afirmam não confiar nele.

Isso poria o atual presidente num patamar inferior ao de José Sarney, aquele da hiperinflação; ao de Fernando Collor, o do confisco da poupança com roubalheira e impeachment, e ao da própria Dilma: aquela da recessão histórica, desemprego e juros nos cornos na lua, déficit galopante e assalto aos cofres públicos.

Comparações com Sarney e Collor não fazem sentido. Tratava-se, literalmente, de outro povo. Mas Dilma pertence ao passado recente. A opinião é livre. Mas, sim, é possível ter uma opinião errada, e a imprensa tem de se perguntar a sua responsabilidade na conformação desse erro. Um país com uma inflação na casa dos 3,5% não pode ser pior do que um outro, com 9,28%, como Dilma nos legou; um país com recessão de quase 4% não pode ser melhor do que um outro que dá sinais de recuperação e pode chegar ao fim deste 2017 crescendo 3% (na projeção de 12 meses); um país que recupera o setor elétrico do caos não pode ser inferior àquele em que a governante, de forma deliberada, destruiu o sistema. Um país com o pré-sal condenado às profundezas não merece estar acima de um outro que não apenas volto0u a trazer o petróleo à flor da terra como retirou a Petrobras da UTI.

É claro que temos aí o efeito Joesley, não? Que reputação resistiria à pauleira permanente? A cama-de-gato que a dupla J&J armou para o presidente criou na opinião pública a impressão de que aqueles que se apresentaram como alternativa aos desmandos compunham uma elite ainda mais nefasta. Ou eram os verdadeiros bandidos da história.

Notem que nem entro no mérito da denúncia que há contra o presidente. A verdade é que toda a classe política é hoje refém de uma investigação que não se atém a coibir malfeitos. Ela fala uma linguagem política, que flerta com os dois extremos dessa opinião pública: a direita irresponsável e a extrema esquerda. Nada a estranhar. A concepção política do lava-jatismo serve a qualquer fascismo, de uma ponta ou de outra. E essas vozes hoje pautam a opinião que vaza nas pesquisas.

Observem, no entanto, que é uma “opinião pública” que não tem povo de verdade. Aquela Dilma que seria melhor do que Michel Temer levou milhões às ruas para pedir seu impedimento. Temer é hoje o destinatário do ódio à política vocalizado pelos extremistas, que contaminam o senso comum. Um ódio que não tem depois.

E a imprensa com isso? Bem, se não for ela a dizer o “é da coisa”, quem será? E isso, infelizmente, não tem sido a regra. Por que não? Ah, meus caros, não cabe nesse comentário. Fica para os vindouros.

Por Reinaldo Azevedo

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