Assim começou o depoimento de Léo Pinheiro, mandarim da OAS, ao juiz Sérgio Moro: “…Eu cometi crimes e, para o bem da Justiça do nosso país, para o bem da nossa sociedade, eu estou aqui para falar a verdade e dizer tudo o que eu sei.” Contou que comprou proteção para sua empresa na CPI da Petrobras.
Os ex-senadores Vital do Rêgo (PMDB-PB) e Gim Argello (PTB-DF), presidente e vice-presidente da CPI, cobraram R$ 5 milhões contou Léo. Receberam R$ 2,85 milhões. O deputado Marco Maia (PT-RS) cobrou R$ 1 milhão para aliviar a barra da OAS em seu relatório. Sem descontos.
Num dos encontros, na casa de Gim Argello, estava presente o então ministro Ricardo Berzoini (PT-SP), responsável à época pela coordenação política do governo Dilma Rousseff. Ele disse que falava em nome do governo. Manifestou a preocupação do governo com o “andamento” da CPI e pediu que a empresa “colaborasse no que fosse possível”.
Como de costume, os acusados negaram os crimes. Berzoini admite o encontro. Mas diz que foi à casa de Gim Argello para discutir a pauta de votações do Congresso, não a emboscada contra a CPI.
Não é a primeria vez que a Lava Jato esbarra em suspeitas que avacalham o instituto da investigação parlamentar. Colecionaram-se evidências de que o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), já morto, mordeu R$ 10 milhões da Queiroz Galvão para sabotar outra CPI da Petrobras.
A Lava Jato reforça a impressão, já bem generalizada, de que o Congresso é meio bazar, meio bordel. E ainda pode se revelar meio confessionário se Eduardo Cunha resolver suar o dedo nos depoimentos que sera intimado a prestar.
Comercializa-se de tudo no Legislativo: relatórios de CPIs, contrabandos em medidas provisórias… Vendem-se almas no varejo e a consciências no atacado. Só não há na gôndola do Parlamento um tipo de mercadoria: honra. Os 10% que ainda prezam a própria honra não vendem. Os outros 90% topariam vender até a honra, mas não têm como oferecer certificado de garantia.
– Serviço: Abaixo vídeo com a íntegra do depoimento de Léo Pinheiro ao juiz da Lava Jato.
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