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Um dos responsáveis pela manobra que ‘fatiou’ o julgamento e permitiu que Dilma Rousseff mantivesse os direitos políticos (contrariando a Constituição), o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski se referiu ao impeachment da petista como ‘tropeço’ da democracia brasileira. E culpou o chamado presidencialismo de coalizão pela saída de Dilma do poder – embora ela tenha sido condenada por crime de responsabilidade pelo Senado, em um julgamento presidido justamente por Lewandowski, e cujos ritos foram definidos pela corte que ele presidia. De fato, Dilma, vítima sobretudo da própria incompetência, perdeu apoio no Congresso. Mas ainda que o processo de impeachment seja não apenas jurídico como também político, mesmo abandonada pelos parlamentares Dilma não teria perdido o cargo caso não houvesse comprovação do crime de responsabilidade.
A declaração foi dada durante uma aula do ministro na Escola de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo, na qual Lewandowski leciona Teoria do Estado. Aos que o ouviam, ele ainda definiu a cassação de Dilma como “lamentável”. Embora tenha feito as afirmações na segunda-feira, o caso veio á tona nesta quarta, por meio de um áudio divulgado pelo site da revista Caros Amigos. “A cada 25, 30 anos temos um tropeço na nossa democracia. Lamentável, quem sabe vocês jovens conseguem mudar o rumo da história”, disse. Lewandowski ainda classificou como um erro do STF não ter aprovado a cláusula de barreira – que reduziria o número de partidos. De acordo com ele, a profusão de siglas acabou por desorganizar o presidencialismo de coalizão: “Deu no que deu”.
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