Xandu Alves em O Vale
As mulheres são mais da metade do eleitorado e da população na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, mas estão longe de conseguir a mesma representatividade nas eleições.
Neste ano, concorrem ao cargo de prefeito 172 candidatos nas 39 cidades do Vale do Paraíba, sendo 150 homens (87%) e apenas 22 mulheres (13%). As mulheres aparecerão nas urnas eletrônicas para disputar o cargo no Executivo em 18 das 39 cidades da região.
Em 21 municípios, simplesmente não há candidatas no páreo. As cidades que têm mais candidatas à prefeitura são Ilhabela (3), Taubaté (2) e São Luís do Paraitinga (2). Outros 15 municípios têm uma mulher concorrendo ao cargo, como em São José, Jacareí e Pinda.
Natividade da Serra e São Luís do Paraitinga destacam-se na região com o mesmo número de candidatos homens e mulheres. No país, 3.815 dos 5.570 municípios têm apenas homens concorrendo, o que equivale a 68% do total. Em apenas 56 cidades, distribuídas por 17 estados, só haverá mulheres na disputa para a prefeitura.
Média. A proporção da mulher na política vai na contramão da participação dela na sociedade. Dos 2,4 milhões de habitantes na RMVale, 1,2 milhão são mulheres, correspondendo a 50,8% do total. A diferença é ainda maior considerando apenas os eleitores: 52% são do sexo feminino.
Ou seja, as mulheres podem decidir o destino político de uma cidade, mas não podem escolher pelo gênero por pura falta de opção. “A sociedade é machista e conservadora, e isso fica latente na política”, avalia o cientista político Maurício Cardoso. “É uma questão cultural difícil de ser quebrada”.
Candidatos. Considerando todos os candidatos a prefeito e vereador na região, as mulheres atendem o mínimo exigido pela lei eleitoral: elas são em torno de 30% das candidaturas. Em cidades como São José, Taubaté e Jacareí, elas conseguem alcançar 32% dos postulantes aos cargos políticos. Mas não passam disso. “É muito pouco. A mulher é sub-representada na política e tem que vencer a desconfiança masculina para encontrar o seu lugar de direito”, afirma a cientista social e política Dora Soares.
Na eleição de 2012, quatro mulheres se elegeram para comandar municípios na região: Ana Bela em Queluz, Ana Karin em Cruzeiro, Daniela Brito em Monteiro Lobato e Ana Gouvêa em Piquete.
Candidatas dizem ser alvo de desconfiança
Candidatas que disputam os cargos de prefeitas na região esse ano dizem que precisam vencer dois adversários nas eleições: os candidatos homens e a desconfiança de parte do eleitorado. “Como tudo na sociedade, a mulher tem que se esforçar muito mais para conquistar a confiança das pessoas”, argumentou Claude Moura (PV), que disputa a prefeitura contra cinco postulantes homens em São José dos Campos. “Muitas pessoas ainda desconfiam da capacidade das mulheres, mesmo que elas sejam mais bem preparadas do que os homens”, completou.
Para Claude, eleger mulheres é uma forma de incentivar que outras ingressem na política. “Precisamos da referência feminina nos cargos públicos. Esse simbolismo é importante”, afirmou.
Disputando a prefeitura de Taubaté com cinco homens e uma mulher, fato raro na região, Pollyana Gama (PPS) diz que a sensibilidade feminina e a razão são as ferramentas que as mulheres têm para fazer a diferença nas prefeituras. “Política não é apenas uma questão de gênero, mas de cérebro”, disse.
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