Processo de impeachment de ex-presidente deu início a desgaste da sigla (Foto: Divulgação/PT) |
A crise nacional que o Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta abalou a legenda também na esfera municipal. Na eleição de outubro, serão apenas oito candidatos ao cargo de prefeito concorrendo pela legenda nos 46 municípios da região - um terço do número de candidatos em 2012, quando eram 24 postulantes. O partido também enfrentou recentemente debandada de seis dos dez prefeitos eleitos pela sigla no Vale e região há quatro anos.
O desgaste da sigla começou depois do início das investigações da operação Lava Jato, que envolveu integrantes da cúpula do partido e se agravou com a abertura do processo de impeachment que culminou na cassação da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (31).
Segundo levantamento feito pelo G1 com os dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas oito cidades vão ter candidato pela legenda no pleito para o executivo. Entre as cidades que contam com a participação na corrida eleitoral estão Arapeí, Bragança Paulista, Cachoeira Paulista, Guaratinguetá, Ilhabela, São José dos Campos, Taubaté e Ubatuba.
O número é menor que o de candidatos eleitos para o cargo pela sigla na última eleição Em 2012, o PT havia garantido uma fatia de 21% dos prefeitos nas 46 cidades da região e conquistado algumas vitrines políticas como São José dos Campos, Ubatuba, Jacareí e Bragança Paulista.
Troca de partido
Com o desgaste, prefeitos eleitos pelo PT em seis cidades deixaram o partido. São eles os de Roseira, Santa Branca, Cachoeira Paulista, Santo Antonio do Pinhal, Nazaré Paulista e Piquete. Os prefeitos foram para partidos como PSD, PSB e PR.
O número de candidatos a prefeito pelo PSB, no comparativo entre 2012 e 2016, saltou de 12 para 20 na região; pelo PSD de nove para 11 e no PRB de 9 para 14 candidatos neste ano.
Jacareí
Em Jacareí, o desgaste levou ao fim um ciclo de dezesseis anos do partido na comando do executivo. O atual prefeito, Hamilton Motta (PT), não pode tentar a eleição porque encerra seu segundo mandado, mas o partido optou por não lançar um sucessor pela legenda.
O diretório regional do PT informou que apesar do baixo número de candidatos, a sigla pretende mostrar que tem representatividade. “Dentro do conjunto de mudanças do cenário político nacional é natural que o impacto tenha tocado o pleito regional. No entanto, vemos isso como uma renovação e vamos mostrar que temos fôlego na região. Passamos por um golpe e por outras situações e nem por isso o partido se diluiu”, explicou a sigla em nota.
Sobre a perda da cadeira em Jacareí, o PT informou que apoia a candidatura do PSD, com vice do PT. “Nesses 16 anos, outros partidos participaram da nossa administração. Portanto, abrimos espaço para que outro candidato desse coletivo concorresse. A sucessão se discute partidariamente, mas também no âmbito do projeto. E o projeto é também do PT”, explicou.
Análise
Para o filósofo político e professor da Universidade de Taubaté, César Augusto, para parcela da população relacionar os acontecimentos no âmbito nacional com o cenário municipal é inevitável.
"O PT já era fraco na região mesmo antes do desgaste, isso porque fazemos parte de uma região tradicional, reduto de partidos de defesa da família, da defesa do patronal por causa da geração de emprego do setor automobilístico. As pessoas têm medo do que foge disso. As pessoas temem mais a ideia de elegerem um prefeito corrupto que a ideia de ter um vereador corrupto, por exemplo. A presidência é o supremo do executivo e a relação é inevitável", explicou.
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