domingo, 6 de setembro de 2015

O ATO E O FATO



Brasilino Neto
Dia da Independência?

A data que comemoraremos segunda feira, dia 7 de setembro, é ou deveria ser importante para a Nação brasileira, e deveríamos ter todas as razões para fazer isto festiva e efusivamente, mas ao que se sabe será muito mais um dia de protestos e passeios do que de festividade.

Lamento ter adotado o tom crítico, mas digo que escrevo esta matéria, como brasileiro, contristado, por ter pouco a comemorar ante pelos descalabros de nosso dia a dia, e ao saber que a maioria dos brasileiros não conhece sequer o Hino da Independência, e o 7 de setembro passou a ser somente mais um importante feriado do calendário, especialmente este que será em uma segunda feira.

Vimos passar desde 7 de setembro de 1822, da proclamação da independência do Brasil de Portugal 193 anos, uma data histórica, porém, presentemente com poucas razões para nos alegrarmos, pois embora libertos, somos submetidos a um sistema composto por políticos corroídos, corruptos e dissociados dos interesses do pais, do povo e da nação. 

Lembro-me aqui que em 11 do mês de setembro de 1978, sentado num banco no jardim da Faculdade de Direito de Taubaté, onde cursava o segundo ano, ouvi um comentário de um Amigo de Campos do Jordão, Denis Ribeiro da Silva, quanto a uma apresentação que Moacir Franco, que era humorista à época, fizera em seu programa semanal em um canal de televisão.

Dizia-me ele que se emocionara com o trabalho apresentado por Moacir Franco no dia 7 de setembro daquele ano, pois colocara como música de fundo o Hino da Independência, enquanto passavam as imagens de pessoas desdentadas, idosos sofridos, filas e filas em portas de hospitais, atropelamentos, confrontos de policiais com a população, roubos e assassinatos de cidadãos comuns, ônibus superlotados e outras mazelas até hoje presentes em nosso cotidiano.

Decorreram daquele dia até hoje 37 anos, e tudo continua como então, eu passei de jovem a velho, de casado sem filhos para casado com filhos e netos, de sorridente para carrancudo, e outras modificações estruturais em minha vida, e tudo no Brasil continua a se dar da mesma forma como naquela época, e o que é pior, com a agregação de outras mazelas que no cotidiano, sem dúvidas, dificultam ainda mais a vida pessoal, social e familiar, especialmente quando sabemos que nós brasileiros perdemos o apego que tínhamos com nossa Pátria. 

Vimos aqui uma parte histórica e uma parte que pode ser a primeira vista tida como acidamente crítica, mas que efetiva e seguramente não o é, pois a intenção ao escrever este texto foi despertar em nós a possibilidade de revermos nossos comportamentos e sairmos da letargia em que nos encontramos, pois outrora quando as comunicações eram precárias, as formações escolares mais dificultosas, muitos brasileiros fizeram parte dos grandes movimentos, das manifestações e mudanças dos rumos de nossa Pátria, enquanto que hoje, com muito mais ferramentas às mãos, pouca atenção e cuidado damos às questões fundamentais que ocorrem em nosso país e assim agindo, mais que descuidar, nos omitindo, o que é grave, e por certo a história um dia nos cobrará, pois com esta inação não prejudicamos somente a nós, mas, sobretudo, as gerações vindouras. 
Pensemos e saiamos dessa letargia, dessa zona de conforto que estamos, pois ainda é tempo. Dá tempo. Façamos este tempo como nosso, do Brasil, de nossa Pátria e de nossa Nação.

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