Os cortes orçamentários na educação agravam um problema já agudo vivido por pesquisadores brasileiros: a dificuldade de financiamento para trabalhos científicos. À frente de uma pesquisa que poderá trazer enormes avanços para o tratamento do câncer, Guilherme Santos conhece bem essa realidade. Pesquisador do Laboratório de Farmacologia Molecular da Universidade de Brasília (UNB), ele aguarda há dois anos 190.000 reais entre verbas federal (17.000) e distrital (173.000) para poder dar continuidade a seu projeto, que já foi destaque até em revistas científicas internacionais.
Com a crise, ele teme agora que a verba não chegue mais. “Esse dinheiro é muito pouco para o impacto da pesquisa que a gente está fazendo. O apoio do Governo é essencial”, lamenta.
Santos chegou à UNB em 2011 depois de uma temporada de nove anos no laboratório de biologia molecular da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, por onde já passaram 13 prêmios Nobel, incluindo seu colega de programa Venkatraman Ramakrishnan, que descobriu ao lado de outros pesquisadores como a célula fabrica proteínas. Lá, quando precisava de um reagente para sua pesquisa, por exemplo, encontrava o produto já no dia seguinte no topo de sua bancada, algo que aqui demora três meses para acontecer. "É um ambiente totalmente diferente", aponta.
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