domingo, 13 de setembro de 2015

Hominídeos na caverna do Planalto



Ruth de Aquino
Como nos livrar dos fósseis que rebaixam nosso presente e ameaçam o futuro de nossos filhos e netos?

Hominídeos com um cérebro diminuto, do tamanho de uma laranja, foram descobertos nas cavernas luxuosas e atapetadas do Planalto. Para ser mais precisa, e não discriminar os homens, também foram encontradas mulherinídeas. Trata-se de uma espécie “prima” do ser humano normal, com mãos, pernas e pés idênticos aos de todos nós, mas com um cérebro atrofiado, dado a decisões incoerentes, mirabolantes, contraditórias, primitivas e suicidas. Uma espécie vivinha da silva em Brasília.

Pesquisadores e eleitores no Brasil acreditavam que essa espécie, batizada de Homo naledi, estaria extinta há milhões de anos. Muito antes, portanto, do Homo sapiens. Ou da “Mulher sapiens”, como bem lembrou recentemente a presidente Dilma Rousseff.

Mas o desastre descomunal que afundou a economia do Brasil e expôs as vísceras de uma política corrupta mostrou que os hominídeos se multiplicaram entre nós. O maior desafio para a população honesta e sofrida deste país é saber como se livrar dos fósseis que rebaixam nosso presente e ameaçam o futuro de nossos filhos e netos.

Precisamos de grandes homens e grandes mulheres que assumam sua responsabilidade e tomem decisões sábias para nos tirar do atoleiro. Nós, os contribuintes, estamos cheios de ser atingidos por balas perdidas no tiroteio insano entre os Poderes.

Essa história de morar num país tropical abençoado por Deus já era. O lado B do Brasil é o lado da bandalha, da bagunça, da balbúrdia. Poderia ser B de bonança. E ainda pode ser, mas não à custa de quem é inocente. Mais impostos? Mais contribuições? Mais aumentos nas contas? Em ambiente de inflação e desemprego?

O que fazem as castas sapiens no Executivo, no Legislativo e no Judiciário? Continuam com sua remuneração intocada pela crise. Ganham reajustes acima da inflação. Mantêm seus benefícios imorais, injustificáveis, e seu exército de assessores apadrinhados. Discutem sobre os “remédios amargos” que eles só receitam, nunca tomam. Conspiram nas sombras e em público, numa dança de alianças oportunistas.

A cada semana, Dilma elege um como bucha de canhão. Uma hora é o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, outra é o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e daqui a pouco será o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Só não dá para Dilma ir contra seu criador, Lula, porque esse está mais descontrolado do que a inflação, atira no que viu e no que não viu. Afetado pela perda da memória recente, Lula diz hoje o contrário do que disse em 2008. O selo de bom pagador era ótimo, uma prova de que o Brasil tinha se tornado “um país sério”. Agora, o selo de mau pagador “não significa nada”.

Com o Brasil rebaixado para a Série B, os “remédios amargos” anunciados por Dilma e pelos hominídeos do Planalto para equilibrar o orçamento nacional não passam pela goela dos seres humanos normais. Temos o cérebro maior que uma laranja, não vivemos em cima de árvores olhando a paisagem e nossos dedos não são curvados para pegar maços de milhões de dólares. Tampouco temos a quem delatar porque não participamos de nenhuma negociata entre hominídeos e mulherinídeas.

Hoje, Dilma contamina seus ministros com a arrogância e com o total descolamento da realidade. A declaração é de um senador da oposição e faz todo sentido. Só a contaminação presidencial explica que Levy diga, com a maior cara de pau, que os brasileiros não se negariam a pagar mais impostos para ajudar o país. E que todos nós devemos encarar esse aumento de impostos como “investimento”. Investir em que, Levy? Estamos comprando papéis do governo do PT?

No dia 24 de setembro, irá ao ar em rede nacional o programa do PMDB com o slogan “O Brasil está pronto a acertar as contas com a verdade”. Tenho dúvidas.

A verdade dói. Uma notícia discreta na sexta-feira me chamou a atenção: a atriz Myrian Rios, ex-mulher de Roberto Carlos e ex-deputada estadual, não reeleita no ano passado, acaba de ganhar um cargo de R$ 20 mil na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, a Alerj. Foi nomeada subdiretora-geral de Cultura. O presidente da Alerj, Jorge Picciani, disse que Myrian Rios ajudará a Casa a ser um polo irradiador de cultura no Rio!!! Três exclamações.

Myrian é a mulherinídea que, além de ser contra o direito ao aborto até em casos de estupro, comparou o homossexualismo à pedofilia. Myrian defende, em tese, o direito de demitir uma babá lésbica pois ela pode “cometer pedofilia” contra suas filhas. Também defende o direito de demitir um motorista homossexual porque ele poderia “bolinar meu filho”. Essa senhora rebaixa a nota da Cultura no Rio. É um símbolo contemporâneo de nosso lado B.

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