Rio de Janeiro, Barra da Tijuca. Com uma filmadora enfiada dentro do celular, o morador de um edifício registrou o calor com que Dilma Rousseff foi recebida na noite passada ao entrar nos lares da vizinhança pela porta da televisão. Em meio a um acender e apagar de luzes, vaiaram-na com fervor patriótico.
Dilma interrompeu o Jornal Nacional para falar sobre a onda de protestos que ganhou as ruas há 14 dias. A fita começou a ser gravada no finalzinho de sua fala. Os apupos continuaram mesmo depois que Patrícia Poeta retomou a apresentação nada poética do noticiário do dia, apinhado de protestos e badernas.
São mesmo infindáveis as serventias da internet. Já se sabia que, com um computador, um programa adequado e uma banda larga, qualquer um pode editar seus próprios livros e ou fazer seus próprios CDs. Verifica-se agora que, sem sair de casa, pode-se também registrar um vaiaço à presidente da República.
Ninguém depende mais de grandes estruturas para fazer o que quiser –inclusive convocar mega-passeatas. O mundo tornou-se um lugar inseguro, muito inseguro, inseguríssimo para os políticos.
Por Josias de Souza
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