Augusto Nunes
Confrontado com o vídeo que mostra o prefeito de Palmas, Raul Filho, protagonizando cenas de safadeza explícita em parceria com Carlinhos Cachoeira, o relator da CPMI, Odair Cunha, incorporou a brasileiríssima figura do detetive de chanchada e entrou em ação. Em vez de enxergar um delinquente a convocar, só viu um companheiro a socorrer.
“É mais uma incursão da organização criminosa, isso precisa ser investigado pela comissão”, concedeu o deputado do PT mineiro ao topar com a performance do petista tocantinense. Investigado sem pressa: para saber se Raul Filho deve ou não ser convocado pela CMPI, Odair Cunha acha indispensável “realizar um pente fino nos contratos celebrados pela prefeitura de Palmas, para saber se o grupo do bicheiro foi beneficiado”.
É dura a vida de um sherloque governista: a cada adversário que Odair fisga na cachoeira, aparecem três ou quatro espécimes criados nos aquários do PT ou da base alugada. Ainda em combate para livrar do cadafalso os governadores Agnelo Queiroz e Sérgio Cabral, e para impedir que Fernando Cavendish conte o que sabe sobre a bancada da Delta, Odair preparava-se para descansar durante o recesso de julho quando Raul Filho irrompeu no pântano.
O esforçado parlamentar deve examinar a hipótese de anunciar que só Marconi Perillo e Demóstenes Torres pecaram, jurar que Carlinhos Cachoeira e Fernando Cavendish também são coisa de FHC, dar os trabalhos por encerrados e colocar um ponto final na CMPI. Se continuar agindo assim e o Congresso sucumbir a um surto de seriedade, o relator pode acabar enquadrado como comparsa. Nesse caso, o doutor Márcio Thomaz Bastos vai ganhar outro cliente. E mais alguns milhões de reais.
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