Ministro do Supremo diz que o objetivo era “melar” o julgamento do
mensalão
O Globo
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusou o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva de centralizar a divulgação de informações
falsas sobre ele.
Ele voltou a negar que tenha recebido ajuda financeira ou operacional do
senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) para custear a viagem para
Alemanha.
O ministro afirmou que é vítima de uma “armação”. Para ele, quem divulgou
informações supostamente falsas a seu respeito estaria interessado em “melar” o
julgamento do mensalão.
- Ele (Lula) recebeu esse tipo de informação. Gente que o subsidiou com esse
tipo de informação e ele acreditou nela. As notícias que me chegaram era que ele
era a central de divulgação disso. O próprio presidente - afirmou Gilmar.
O ministro deu a entender que votaria pela absolvição dos réus – como fez no
julgamento de outras ações penais no STF.
- O objetivo era melar o julgamento do mensalão. Dizer que o Judiciário está
envolvido em uma rede de corrupção. Tentaram fazer isso com o Gurgel (Roberto,
procurador-geral da República) e estão tentando fazer isso agora. Porque desde o
começo eu assumi e não era para efeito de condenação. Todos vocês conhecem as
minhas posições em matéria penal. Eu tenho combatido aqui o populismo judicial e
o populismo penal. Mas por que eu defendo o julgamento? Porque nós vamos ficar
desmoralizados se não o fizermos - afirmou.
O ministro mostrou à imprensa o extrato de seu cartão de crédito com a
comprovação de que saiu do bolso dele o dinheiro para pagar uma viagem à
Alemanha em abril de 2011. Ele chamou de “gangsterismo” e de “molecagem” a
atitude de pessoas que levantaram suspeitas sobre o custeio da viagem à
Alemanha.
- Não viajei em jatinho coisa nenhuma. Até trouxe para vocês (documentos)
para encerrar esse negócio. Vamos parar com fofoca. A gente está lidando com
gangsters. Vamos deixar claro: estamos lidando com bandidos. Bandidos. Bandidos
que ficam plantando essas informações - declarou, com raiva.
Gilmar também admitiu que viajou para Goiânia em um jatinho a convite de
Demóstenes por duas vezes. A primeira foi em 2010, para atender ao convite de um
jantar. Ele teria sido acompanhado do colega Dias Toffoli e do ex-ministro do
STF Nelson Jobim.
A segunda viagem foi em 2011 para comparecer a uma formatura da qual era
paraninfo. Toffoli e a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), também teriam ido. As viagens teriam sido feitas em aviões de uma empresa
de taxi aéreo chamada Voar.
- Vamos dizer que o Demóstenes me oferecesse uma carona num avião se ele
tivesse. Teria algo de anormal? Eu fui duas vezes a Goiânia a convite do
Demóstenes. Uma vez com o Jobim e o Toffoli. E outra vez com Toffoli e a
ministra Fátima Nancy. Avião que ele colocou a disposição. Eu não estava
escondendo nada. Por que esse tipo de notícia? Vamos dizer que eu tivesse pego
um avião se ele tivesse me oferecido. Eu teria algum envolvimento com o eventual
malfeito dele? Que negócio é esse? Grupo de chantagistas, bandidos. Desrespeitosos - acusou Gilmar.
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