domingo, 20 de maio de 2012

Está dando tudo errado para o PT na CPI.


Merval Pereira, em O Globo:

O flagrante da mensagem do deputado petista Cândido Vacarezza garantindo imunidade ao governador do Rio, Sérgio Cabral, é mais uma confirmação de que essa CPI do Cachoeira está se revelando o maior erro dos últimos tempos do grupo político que está no poder.

Convocada estranhamente pela maioria governista, a CPI tinha objetivos definidos pelo ex-presidente Lula e pelo ex-ministro José Dirceu: apanhar a oposição com a boca na botija nas figuras do senador Demóstenes Torres e do governador de Goiás, Marconi Perillo, e desestabilizar o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, responsável pela acusação dos mensaleiros no julgamento do Supremo Tribunal Federal.

De passagem, queriam certos petistas criminalizar a revista “Veja” para criar um clima político que favorecesse a aprovação de uma legislação de controle da mídia, como vêm tentando, sem sucesso, desde o início do governo Lula.

Por enquanto, está dando tudo errado. A tentativa de constranger os ministros do Supremo resultou numa reação do Judiciário, que se viu impelido a não deixar dúvidas sobre sua independência.

A vontade de procrastinar o julgamento, quem sabe deixando-o para o próximo ano, quando dois novos ministros estarão no plenário para substituir Cezar Peluso e Ayres Britto, ficou tão explícita que o revisor do processo, o ministro Ricardo Lewandowski, viu-se na obrigação de anunciar que pretende apresentar seu voto ainda no primeiro semestre, permitindo que o julgamento comece logo em seguida.

Até mesmo uma frase banal, que queria dizer outra coisa, teve o efeito de levantar suspeitas. Quando Lewandowski disse que o julgamento ocorreria “ainda este ano” sabe-se agora que não estava pensando em outubro ou novembro, mas a partir de junho, como fez questão de esclarecer.

Com relação à imprensa, todos os esforços do senador Collor de Mello, o “laranja” da tramoia petista, têm sido em vão, e as relações do PT com o PMDB estão azedando, na definição de Vacarezza, porque o PMDB não está disposto a embarcar nessa aventura petista de tolher a liberdade de imprensa.

Por fim, a blindagem explícita do governador do Rio pode se transformar em uma faca de dois gumes, tornando inevitável sua convocação.

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