Um ano e três meses após a publicação do video em que aparece sendo despida à força por uma equipe da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, a escrivã V. ainda não foi julgada na esfera criminal. Na última audiência, as testemunhas de defesa — amigos de V. — faltaram, atrasando o desfecho do caso. V. é acusada de cometer crime de concussão por ter supostamente recebido R$ 200 de suborno para ajudar um motoboy acusado de porte ilegal de munição a se livrar de problemas judiciais.
A escrivã chegou a ficar presa por cerca de dois meses em 2010. A prisão decorreu do flagrante preparado pelo policiais da Corregedoria, que encontraram na calcinha dela quatro notas de R$ 50 previamente marcadas. V. nega que tenha recebido suborno. Segundo ela, o denunciante teria jogado o dinheiro sobre sua mesa segundos antes da entrada no local da equipe de corregedores.
O episódio transformou a vida de V. num inferno. Ela tentou se matar duas vezes, perdeu o emprego e enfrentou um longo período de recolhimento provocado por uma depressão severa. Agora está grávida do primeiro filho. A gravidez devolveu-lho o ânimo para enfrentar a rotina.
A escrivã, que cursava Direito numa faculdade privada, teve que abandonar o curso. Passou a se preparar para um concurso público, apesar do alerta de seu advogado de que, mesmo que fosse aprovada, não poderia tomar posse por ter sido demitida a bem do serviço público. Sem dinheiro, vinha sendo sustentada pela ajuda solidária de amigos que faziam doações de pequena monta. Agora, nem isso acontece mais.
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